Resumo
O objetivo desta pesquisa foi verificar o impacto da participação em um projeto social esportivo em crianças, investigando mudanças no desempenho motor (DM), na percepção de competência (PC) e na rotina de atividades infantis dos participantes identificando possíveis diferenças relacionadas ao sexo nas variáveis analisadas. A amostra foi composta inicialmente por 140 crianças de ambos os sexos com idades entre 5 e 9 anos, alunos de escolas públicas da cidade de Porto Alegre/RS, distribuídas em grupo interventivo (GI) e grupo controle (GC). Onze participantes do GI não participaram do pós-teste sendo assim excluídos do estudo, assim como seus pares no GC, de forma que a amostra final foi composta por 118 crianças. Os instrumentos utilizados na coleta dos dados foram o Teste de Desenvolvimento Motor Grosso (ULRICH, 2000), adaptado e validado para a população brasileira por Valentini e colaboradores (2008), para análise do DM; a escala “Pictorial Scale of Perceived Competence and Acceptance for Young Children” (HARTER; PIKE, 1980) e a Escala de Autopercepção de Harter (1985), validada no Brasil por Valentini e colaboradores (no prelo), para averiguação da PC; questionário de Neto e Serrano (1997), adaptado por Berleze (2002), para avaliar a rotina de atividades infantis dos participantes; e questionário simples elaborado para a pesquisa para investigar a prática de atividade física dos participantes durante o período interventivo. Os resultados indicam: (1) DM inicial abaixo do esperado para ambos os grupos; (2) mudanças positivas e significativas no DM dos participantes de GI e desempenho superior a GC no pós-teste; (3) DM semelhante em relação ao sexo em GI e significativamente diferente em GC, favorável aos meninos; (4) níveis elevados de PC em todos os domínios avaliados; (5) níveis similares de PC entre os grupos no pré e no pós-teste; (6) mudanças positivas na PC atlética, social e na soma das subescalas somente para GI; (7) PC similar entre meninos e meninas; (8) maior envolvimento dos participantes de GI e GC em atividades sedentárias e de movimentação restrita, em detrimento de atividades de ampla movimentação; (9) envolvimento familiar em atividade física mais freqüente entre os irmãos dos participantes; (10) mudanças positivas na rotina de atividades infantis de GI e mudanças negativas na rotina dos participantes de GC; e (11) rotinas semelhantes entre os sexos para os participantes de GI e GC. A participação em um projeto social esportivo baseado em propostas metodológicas eficazes e condizentes com as necessidades dos participantes promoveu mudanças positivas em parâmetros motores e psicológicos e na rotina de atividades das crianças no ambiente familiar, contribuindo assim para o desenvolvimento dos participantes.