Resumo

Dar um descanso ao carro e sair pedalando está ficando mais fácil na megalópole paulista. A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e o Metrô investem em bicicletários e em campanhas que trazem boas notícias para quem sofre diariamente nos engarrafamentos. O objetivo é ampliar o espaço das bicicletas nas ruas da cidade e reforçar o seu uso como veículo urbano.

Hoje já circulam mais de 6 milhões de carros pela cidade de São Paulo. Em média, 48 mil carros são adicionados a esta frota a cada mês, segundo dados registrados em março pelo Detran/SP (Departamento Estadual de Trânsito). São mais de mil veículos novos por dia na cidade. Todo esse crescimento, além de deixar o trânsito cada vez mais complicado, agrava ainda mais os problemas ambientais causados pelo excesso de veículos e compromete a saúde do cidadão. Para se ter uma idéia, estudos indicam que devido a fumaça lançada pelos escapamentos dos automóveis e caminhões, respirar o ar de São Paulo equivale a fumar cerca de três cigarros por dia. Crianças e idosos são as parcelas da população mais gravemente atingidas pela poluição atmosférica, principalmente durante as épocas mais secas.

Entre as alternativas para “desafogar” o trânsito e melhorar a qualidade do ar, estão ampliar o uso e a disponibilidade dos transportes públicos e coletivos, participar de programas de carona solidária e optar pela utilização de formas alternativas de locomoção, como a caminhada e o ciclismo.

Com o objetivo de, justamente, incentivar o uso das bicicletas, no lazer ou no dia a dia, o metrô paulista e a CPTM trabalham em projetos que buscam facilitar o uso desse meio de transportes no cotidiano da cidade, por meio da criação de bicicletários e viabilizando espaço para que os ciclistas carreguem seu pequeno veículo também dentro dos trens.

Hoje, a CPTM possui 10 bicicletários em operação na cidade, o mais recente foi inaugurado dia 29 de abril na Estação Caieiras. O bicicletário é gratuito e tem vagas para 65 bicicletas, distribuídas em 140 m2 de área coberta. O espaço possui guarita de vigilância e fica aberto durante o horário de operação comercial da estação, das 4h à meia-noite.

No total, são 3.335 vagas para bicicletas, distribuídas pelas estações da CPTM em toda grande São Paulo. Todos os bicicletários da CPTM são de uso gratuito, com exceção da unidade Mauá, que tem diária de R$ 1,00 e mensalidade de R$ 10,00 para associados, pois é mantido por uma associação de ciclistas da região. Para usar o espaço, é preciso fazer um cadastro apresentando RG, além de levar o próprio cadeado para prender a bicicleta. “O bicicletário ainda conta com uma oficina terceirizada que oferece serviços de customização e manutenção para as bikes”, explica a assessoria de comunicação da CPTM.

O bicicletário do Metrô, disponível ao público desde abril de 2007, fica também instalado em espaço coberto, na Estação Guilhermina-Esperança, na Zona leste da cidade e tem capacidade para abrigar 100 bicicletas. É de uso gratuito e administrado pelo próprio Metrô. O local funciona de domingo a domingo, das 6h às 21h, e a permanência da bicicleta pode ser de até 24 horas. Segundo informações do Metrô, o bicicletário da estação Guilhermina-Esperança recebe diariamente cerca de 20 usuários.

O procedimento para a utilização é praticamente o mesmo dos bicicletários da CPTM. Os interessados em utilizar o serviço devem se cadastrar no local, com a apresentação de um documento de identificação. Também é preciso levar um cadeado e uma corrente para trancar a bicicleta e ajudar a garantir a segurança.

Os avanços não param por aí. “No momento, está em fase final a construção de dois novos bicicletários: o da estação Corinthians/Itaquera e o da estação Carrão. Em breve, a zona Leste deverá implantar um bicicletário na estação Penha. O Planejamento Estratégico do Metrô prevê a instalação de, no mínimo, mais 10 bicicletários”, informa a assessoria de imprensa do Metrô.

[Ciclista Cidadão] Pedal sobre os trilhos – Outra ação do Metrô paulista para incentivar os ciclistas da capital é a campanha “Ciclista Cidadão”, lançada em fevereiro de 2007, que permite a entrada de bicicletas no Metrô nos finais de semana e feriados. A iniciativa pretende facilitar o acesso de ciclistas a ciclovias e parques próximos às estações.

As bicicletas podem entrar nas estações do Metrô aos sábados, das 15 às 20 horas, e aos domingos e feriados, das 7 às 20 horas. A recomendação da administração do Metrô é que a bicicleta seja transportada ao lado do corpo, não sendo permitido montá-la durante a permanência nas dependências das estações, incluindo as passarelas e rampas de acesso. Os embarques e desembarques com bicicletas são restritos ao último carro dos trens, na região da porta, em local sinalizado.

Além do Metrô e da CPTM, a EMTU/SP (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, de São Paulo) também disponibiliza um estacionamento para 40 bicicletas, no Terminal Metropolitano de São Bernardo do Campo, aberto em julho do ano passado, para atender aos usuários do Corredor São Mateus-Jabaquara.

Quem quiser ainda conhecer outros locais em São Paulo preparados para receber os ciclistas, pode consultar o guia de bicicletários de São Paulo. O guia traz sugestões de praças, parques, estabelecimentos comerciais, museus, cinemas, repartições públicas entre outros, em que o ciclista pode circular e é bem-vindo. Para consultar o guia, basta selecionar uma região da cidade no menu do site ou consultar um mapa, disponível em link no mesmo endereço eletrônico.

No site é também possível fazer o download de uma cartilha que mostra passo a passo como montar um bicicletário em um estabelecimento, ou ainda consultar as especificações técnicas para este tipo de instalação, de acordo com o modelo determinado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente para a cidade de São Paulo.

Mesmo para quem ainda não tem por hábito usar uma bicicleta, vale experimentar a modalidade e abrir mão do uso do carro, ainda que seja apenas por um dia durante a semana. Para se ter uma idéia do impacto que pequenas atitudes como essa podem causar se adotadas por um número grande de pessoas, veja este exemplo. Se os 2,3 milhões de carros do Rio Grande do Sul reduzissem em apenas um quilômetro por dia os seus deslocamentos durante um mês, deixariam de emitir um volume de CO2, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, equivalente ao que 71 mil árvores da mata atlântica absorveriam em 37 anos. E para plantar essas árvores seria necessária uma área correspondente a 45 campos de futebol.

E mais, reduzir em 20% o uso do carro nas atividades cotidianas pode resultar em uma grande economia em dinheiro, ao longo do tempo. Um carro médio no Brasil consome, em média, cerca de R$ 1.540 por ano em combustível. Se cada motorista conseguir economizar um quinto desse total e depositar a quantia em uma poupança mensalmente, ao longo de 54 anos, acumulará R$ 118 mil. Com certeza um bom dinheiro para ser usado durante o período da aposentadoria. Economia esta que será sentida não só no bolso, mas em qualidade de vida e no próprio ar que respiramos.

Fonte: Envolverde / Instituto Akatu.

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