Resumo

Com a finalidade de auxiliar na prescrição dos exercícios aquáticos, no que concerne ao conhecimento e controle das forças de reação do solo (FRS) durante o contato com fundo da piscina, este trabalho objetiva desenvolver, avaliar e validar um modelo de regressão para o pico das componentes vertical (Fy), ântero-posterior (Fx) e da resultante (FR) da FRS durante a caminhada e corrida na água. Participaram da pesquisa 143 sujeitos de ambos os sexos, com média de idade de 25±6 anos, estatura de 1,72±0,09 metros e massa corporal de 69,5±13,5 quilogramas, divididos em dois grupos amostrais: grupo de regressão (n=119) e grupo de validação (n=24). Os participantes realizaram a caminhada e a corrida na água em um dos cinco níveis de imersão (0,75, 0,90, 1,05, 1,20 e 1,35 m) com variação da velocidade (lenta, normal e rápida). A coleta de dados foi realizada na piscina e no Laboratório de Pesquisas em Biomecânica Aquática do CEFID/UDESC, utilizando-se uma plataforma de força subaquática posicionada no centro de uma passarela de 8 m e conectada ao Sistema de Aquisição de Dados ADS2002-IP. Os modelos para a predição dos picos de força foram construídos com base nos dados dos sujeitos do grupo de regressão através da aplicação de equações de estimativas generalizadas, a partir de um critério de entrada com p<0,05 e saída com p>0,10. As variáveis independentes foram: imersão, velocidade e as características antropométricas (estatura, massa e as circunferências de abdômen, quadril, coxa e perna). As variáveis estatura e imersão possuem forte relação entre si e para evitar a multicolinearidade foram associadas a partir da criação da variável: razão_EI (resultado da divisão entre imersão e estatura). Os dados do grupo de validação foram utilizados para o processo de validação cruzada, comparando os dados provenientes da plataforma de força com resultados preditos pelo modelo construído. Para ser considerado válido o modelo teve que apresentar um coeficiente de determinação maior que 0,79, teste t de Student pareado com p>0,05, apresentar valores de erro próximos aos valores estimados pela equação de regressão e passar na análise gráfica dos resíduos quanto à homocedasticidade, independência e linearidade. As variáveis independentes que foram associadas com os picos de força e permaneceram nos modelos de regressão foram: velocidade, razão_EI, massa corporal e circunferência do abdômen. Os modelos que passaram pelo processo de validação foram o de Fx ( para a corrida e Fx ( , Fy ( e FR ( para caminhada. Nestes modelos válidos o principal preditor para Fy e FR foi a razão_IE e para Fx foi a velocidade. Os coeficientes de determinação para esses modelos podem ser considerados muito bons com valores de 0,86 a 0,91 para a amostra de regressão e 0,87 a 0,90 para a amostra de validação. O erro padrão de estimativa obteve valores de 0,06 PC para Fy e FR e de 0,03 PC para Fx na caminhada para amostra de regressão e 0,07 PC em Fy e FR e 0,02 PC em Fx para amostra de validação. A partir dos resultados podem ser considerados válidos os modelos para a predição dos picos de FRS durante a caminhada na água e o de Fx durante a corrida na água, desde que para sujeitos com características semelhantes a dos participantes do estudo e dentro da faixa de variação da razão_IE e velocidade utilizada.