Resumo
O teste de exercício cardiopulmonar (TECP) é considerado o padrão ouro para avaliar o consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo) em pacientes com doença arterial coronariana (DAC). O TECP torna-se inviável quando aplicado em larga escala ou de forma repetida na prática clínica, sendo mais indicados testes de campo, como o teste de degrau de seis minutos (TD6’). Contudo, não foram encontradas informações sobre o uso do TD6’ em pacientes com DAC. Objetivos: Sendo assim, o objetivo geral do estudo foi propor a utilização do TD6’ em pacientes com DAC. Para tanto, foram conduzidos quatro estudos separadamente que tiveram como objetivos: 1) realizar uma revisão sistemática da literatura com meta análise sobre a aplicação de testes de campo utilizados durante programas de reabilitação cardiovascular (RCV); 2) verificar a correlação entre o consumo de oxigênio pico obtido no TECP e o desempenho no TD6’ em jovens saudáveis e verificar se o TD6’ é capaz de predizer o VO2 máximo obtido no TECP; 3) verificar a correlação entre o TC6’ e o TD6’ em pacientes com DAC; 4) verificar a correlação entre o consumo de oxigênio pico obtido no TECP e o desempenho no TD6’ em pacientes com DAC e verificar se o TD6’ é capaz de predizer o VO2 máximo obtido no TECP. Métodos: No estudo 1, foi realizada uma revisão sistemática seguida de meta-análise, utilizando as bases de dados MEDLINE/PubMed e Web of Science. No estudo 2, 31 sujeitos saudáveis realizaram o TECP e o TD6’. No estudo 3, 52 pacientes com DAC realizaram o TC6’ e o TD6’. No estudo 4, 11 pacientes com DAC realizaram o TECP e o TD6’. Resultados: 1) Houve um predomínio do teste de caminhada de seis minutos (TC6’) utilizado em programas de reabilitação cardiovascular, um aumento de 21% no desempenho do teste de campo final e quanto maior o tempo do exercício aeróbio na sessão de RCV e melhor a fração de ejeção inicial do avaliado, melhor o desempenho no teste; 2) Não houve correlação ou predição entre o VO2 pico obtido no TECP e o desempenho no TD6’ em um grupo de jovens saudáveis; 3) Em pacientes com DAC, os resultados mostraram correlação moderada entre a distância percorrida no TC6’ e o número de passos no TD6’; 4) Houve correlação forte entre o VO2 pico no TECP e o número de passos no TD6’ e entre a frequência cardíaca final no TECP e TD6’. Além disso, o número de passos no degrau foi capaz de explicar 49% do consumo de oxigênio pico e quanto maior o número de passos, maior o consumo de oxigênio. Conclusões: o TC6’ é o teste de campo mais utilizado em programas de RCV. O TD6’ não se correlacionou com o VO2 pico em jovens saudáveis, porém apresentou correlação moderada com o TC6’ e forte com o VO2 pico em pacientes com DAC. O número de passos conseguiu predizer 49% do consumo de oxigênio no TECP, sendo assim, o TD6’ é uma alternativa para avaliar a capacidade de exercício de pacientes com DAC quando o TECP não estiver disponível.