Resumo

Jigoro Kano era um homem a frente de seu tempo. Ao criar o judô Kodokan, em 1882, subverteu as práticas de ensino realizadas no jujutsu, propondo uma mudança da ênfase marcial para uma ênfase nos aspectos educacionais, e, à medida que foi ganhando adeptos, sofreu resistência das escolas de jujutsu da época. Desde esse período, o judô passou por diversas mudanças e se consolidou como uma modalidade esportiva, fazendo parte dos jogos olímpicos oficialmente desde 1972. Mesmo com toda a inovação trazida desde os primórdios da prática por Kano e pelos atuais estudos das ciências do treinamento desportivo, fisiologia e análise de desempenho, o ensino da modalidade, de um modo geral, ainda carrega preceitos dos modelos de educação artesanal da idade média, adotando-se um método que enfatiza repetições de gestos técnicos de modo descontextualizado, incompatível com as características exigidas no combate, como tomadas de decisão dentre uma ampla gama de possibilidades de ação e relação de oposição a um adversário, o que gera um ambiente altamente imprevisível. Concomitantemente, propostas inovadoras de ensino do esporte surgem pautadas na construção do próprio conhecimento por meio da compreensão do contexto da modalidade e sua complexidade. Essas propostas se pautam no interacionismo, teoria que enxerga o conhecimento como um produto das relações entre indivíduo e ambiente que o cerca. Assim, esse estudo tem como objetivo construir um modelo de ensino para a luta de solo do judô, pautado nos referenciais interacionistas do ensino do esporte. Para isso, foi realizado estudo bibliográfico sobre novas tendências de ensino dos esportes, e caracterização da luta de judô de modo a desvelar a lógica do combate e entender que habilidades o aluno deve desenvolver para lutar bem no solo. Posteriormente, na apresentação da proposta, foram realizadas ações como: (1) levantamento de princípios básicos a serem compreendidos, (2) organização de dinâmicas das ações do combate, (3) divisão dessas dinâmicas em blocos de ensino e (4) proposição de atividades.

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