Resumo

O treinamento cardiorespiratório intervalado de alta intensidade (high-intensity interval training, HIT), caracterizado por breves períodos de atividade vigorosa intercalados por períodos de repouso ou de exercício de baixa intensidade, tem sido utilizado como alternativa ao treinamento cardiorespiratório tradicional (TCT), de intensidade submáxima e duração contínua prolongada. Estudos recentes observaram adaptações semelhantes ou superiores aquelas do TCT promovidas pelo HIT, referentes à atividade oxidativa muscular, utilização de substratos energéticos durante ou após o exercício e função cardiovascular, entre outras, sugerindo potenciais implicações relacionadas à saúde e desempenho esportivo. O objetivo deste estudo foi propor um protocolo alternativo de HIT utilizando a corrida em esteira, uma vez que a literatura apresenta diferentes protocolos de treinamento utilizando a cicloergometria como modelo predominante. Deste modo, seis indivíduos fisicamente ativos não treinados (VO2pico = 42,92±2,12mlO2/kg/min) foram submetidos à teste progressivo máximo para determinação do pico de consumo de oxigênio (VO2pico), velocidade de pico (Vpico) e limiares anaeróbios ventilatórios (LAVs). Nas semanas seguintes as avaliações iniciais, os indivíduos realizaram seis sessões de treinamento com intervalo de 48 horas. O protocolo de HIT para corrida em esteira consistiu de dois períodos iniciais de aquecimento (2min cada, a 25% e 50% da Vpico), seguidos de oito séries de 60seg a 100% da Vpico por 75seg de recuperação, mais dois períodos finais de desaquecimento (2min cada, a 50% e 25% da Vpico). Ao longo das sessões experimentais parâmetros ventilatórios e cardiovasculares foram continuamente mensurados para determinação das intensidades relativas de esforço. Após o período de treinamento os sujeitos foram submetidos novamente às avaliações iniciais. Os resultados estão apresentados como média ± erro padrão. A homogeneidade das variâncias foi verificada através do teste de Levene. Os valores dos parâmetros ventilatórios e frequência cardíaca (FC) das séries de corridas e sessões de treinamento ao longo do período de treinamento foram comparados através de análise de variância de fator único seguido de teste post hoc HSD de Tukey. O nível de significância adotado foi de p<0,05 (software Statistica for Windows; versão 8.0, 2007; Statsoft, Inc.; Estados Unidos). A Vpico de treinamento foi de 15,50±0,56km/h. O protocolo de HIT para corrida em esteira promoveu intensidades médias correspondes a 87,24±0,56%VO2pico e 91,31±0,28%FCpico ao longo do período de treinamento. Não foram observadas diferenças significativas entre as oito séries de corrida ao longo do período de treinamento para o %VO2 pico; entretanto a %FCpico apresentou diferenças significativas da série inicial (c1=88,27±0,54) em comparação às quatro séries finais (c5=92,33±0,67; c6=93,05±0,69; c7=92,76±0,93; c8=93,09±0,96; p=0,001). Não foram observadas diferenças significativas entre as seis sessões de treinamento para %VO2pico e %FCpico. Nossos resultados sugerem, em conformidade com a literatura, que o protocolo proposto promove intensidades suficientes para caracterizá-lo como de alta intensidade; porém, ao contrário de outros, é passível de aplicação em indivíduos fisicamente ativos não treinados. Apoio: CNPq-UNICID.

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