Provocações das práticas de lazer de aventura à antropologia: entre esporte e turismo, ou não

Por Marília Martins Bandeira (Autor).

Parte de Vinte Anos de Diálogos: Os Esportes na Antropologia Brasileira . páginas 183 - 196

Resumo

Introdução: esportes nem tão recentes Embora sejam partes que parecem ter ficado por mais tempo inexploradas, já eram mencionados nos clássicos da antropologia do corpo, filosofia do jogo e sociologia do esporte os tipos de práticas problematizadas no presente trabalho. No inaugural As Técnicas do Corpo, Mauss ([1934] 2003, p. 421)1 afirmava:

A principal utilidade que vejo em meu alpinismo de outrora foi
essa educação de meu sangue-frio, que me permitia dormir em
pé num degrau à beira do abismo [...] E este é, antes de tudo, um
mecanismo de retardamento, de inibição de movimentos de-
sordenados; esse retardamento permite, a seguir, uma resposta
coordenada de movimentos coordenados, que partem então
na direção do alvo escolhido. Essa resistência à perturbação
invasora é fundamental na vida social e mental.

Caillois ([1958] 1990, p. 43) aprofunda essa discussão sobre a educação do corpo pelo risco, não do ambiente natural, mas ao examinar situações nas quais o descontrole corporal é deliberadamente provocado por brincadeiras. O autor discorre sobre jogos ao ar livre e também jogos que denomina de inlix