Resumo

O presente estudo discute a Psicologia do Esporte no cenário brasileiro problematizando as condições de formação oferecidas atualmente. Para dar conta desse objetivo, foram selecionadas como fontes de dados, os capítulos de livros, da literatura nacional, que discorriam sobre os temas formação e fazer profissional do psicólogo esportivo e, entrevistas realizadas com profissionais que atuam e/ou contribuem com a Psicologia do Esporte brasileira. A técnica escolhida para análise dos dados foi a Análise de Conteúdo. Através da criação de categorias de análise foi possível extrair elementos importantes a respeito da formação e do fazer profissional do psicólogo esportivo, entre eles: qual tem sido o papel assumido pela Psicologia dentro da formação do psicólogo esportivo, quais são as competências necessárias ao psicólogo do esporte para que o mesmo realize suas funções de forma adequada ao contexto esportivo e, as facilidades e/ou dificuldades apontadas pelos profissionais entrevistados durante sua trajetória como psicólogos esportivos e que, ainda hoje, são encontradas pelos profissionais que se interessam ou trabalham com Psicologia do Esporte. Os resultados obtidos mostraram que: há uma discussão em torno do momento em que deve se dar a formação do psicólogo esportivo, se em nível de graduação ou pós-graduação (lato e stricto-sensu); há uma preocupação se os cursos de especialização em Psicologia do Esporte têm conseguido preencher as lacunas apontadas em relação ao conteúdo específico, necessários à atuação do psicólogo; a maioria dos entrevistados (11) se interessaram pela Psicologia do Esporte através de experiências vivenciadas ou como atletas e/ou como técnicos; apenas quatro profissionais concluíram, em primeiro lugar, a graduação em Psicologia, o restante fez o curso como segunda ou terceira formação e, dos 12 entrevistados, 10 realizam funções acadêmicas e de intervenção no campo da Psicologia do Esporte. A partir desses resultados, foi possível discutir questões relacionadas à formação do psicólogo esportivo no Brasil, que possibilitaram a desmistificação de algumas crenças em relação a sua formação: a primeira, é de que a formação desse profissional não tem, necessariamente, que se dar em nível de graduação, já que não há provas concretas de que a disciplina Psicologia do Esporte supriria o conhecimento exigido pela mesma; segundo, o fato de existir apenas um curso de especialização que fornece o título de especialista em Psicologia do Esporte, não invalida a formação de profissionais que decidiram fazer outros cursos de especialização. Nas considerações finais, foram apontadas algumas necessidades que devem ser preenchidas para possibilitar novos rumos em direção à formação e ao fazer profissional do psicólogo esportivo, entre elas: o desenvolvimento de um corpo específico de conhecimento que possa dar conta de desenvolver as competências exigidas nesse fazer profissional; delimitação de quem é, tecnicamente, capacitado ou qualificado para exercer a função de psicólogo esportivo; aumento na troca de informações entre os profissionais que atuam e/ou contribuem para a Psicologia do Esporte; aumento na demanda de cursos de especialização em Psicologia do Esporte credenciados pelo CFP e ABEP e a realização de trabalhos mais aprofundados sobre formação e fazer profissional do psicólogo esportivo no Brasil 

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