Resumo

1 INTRODUÇÃO
A psicomotricidade relacional (PR) é uma vertente da psicomotricidade que utiliza o jogo simbólico para aprimorar as relações. A PR visa o desenvolvimento da autonomia por intermédio da ação do brincar espontâneo (LAPIERRE; AUCOUTURRIER, 2004). Por sua característica não diretiva, essa prática educativa auxilia o processo de inclusão de pessoas com deficiência (FALKENBACH; DREXSLER; WERLER, 2008). O brincar espontâneo mobiliza a criatividade psicomotora e suas mais variadas formas de relação e não requer nenhum alcance de meta de performance motora, enaltecendo o que o estudante faz bem (LAPIERRE; AUCOUTURRIER, 2004). Existem muitos desafios para a educação física escolar, um deles é a questão da inclusão de pessoas com deficiência intelectual (CHICON; SÁ, 2013). Este estudo é um desmembramento de uma dissertação realizada na UFRN. Um dos objetivos específicos foi analisar o processo de inclusão de pessoas com deficiência intelectual nas aulas de educação física por intermédio da PR, a partir de relatórios espontâneos e reflexivos dos professores de educação física.

2 METODOLOGIA 
Foi desenvolvida uma pesquisa-ação. Trinta e seis estudantes de uma turma do sétimo ano do ensino fundamental da Escola Municipal Professora Terezinha Paulino de Lima (Natal-RN), sendo três com diagnóstico de deficiência intelectual, juntamente com dois professores de educação física (pesquisadores) e outras duas professoras da escola, juntos formaram um grupo de sujeitos selecionados por conveniência. Foi realizado um programa bimestral, com oito aulas de educação física escolar, uma por semana, com cinquenta minutos de duração. A aula tinha três momentos, o ritual de entrada, o jogo simbólico e o ritual de saída. Dois professores pesquisadores preencheram dois tipos de relatórios. O espontâneo era preenchido imediatamente após cada aula. O reflexivo era preenchido uma semana após. O projeto teve aprovação do Comitê de Ética da UFRN, com a numeração de protocolo CAAE: 53305216.7.0000.5537.

3 RESULTADOS
Analisou-se que estudantes e parte dos docentes da escola municipal ainda não vivenciam plenamente a inclusão em seu cotidiano, quando considera-se a análise das aulas de educação física. Nos relatórios espontâneos, com ênfase no sensível, mostrou-se uma resistência inicial na interação com os estudantes com deficiência intelectual. Comportamentos de esquiva no contato corporal e baixa colaboração nas brincadeiras eram notórios. No decorrer das aulas isso foi modificando-se a partir dos investimentos inclusivos que se faziam, a ponto dos próprios estudantes expressarem verbalmente isso no ritual de saída na última aula. Os relatórios reflexivos corroboraram com as sensações dos relatórios espontâneos. A transição dos períodos de desenvolvimento psicossexual, da fase da latência para a fase da puberdade ficaram nítidos. Os estudantes com deficiência intelectual partilham de interesses comuns, mais vivenciam conflitos mais intensos e complexos, consideradas suas possibilidades de sentir, pensar e agir.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível constatar e compreender o auxílio da PR no processo de inclusão ocorrido na educação física escolar. Ressalta-se que o desenvolvimento da percepção de inclusão ocorreu de forma espontânea em muitos estudantes e que as aulas eram de predomínio não diretivo por parte dos professores.

5 REFERÊNCIAS
CHICON, J. F.; SA, M. das G. C. S. de. A autopercepção de alunos com deficiência intelectual em diferentes espaços-tempos da escola. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Porto Alegre, v. 35, n. 2, p. 373-388, jun. 2013. Disponível em . acessos em 01 abr. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32892013000200009.
FALKENBACH, A. P.; DREXSLER, G.; WERLER, V.. A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, Lajeado, p.2065-2073, 2008.
LAPIERRE, A.; AUCOUTURIER, B.. A simbologia do movimento: psicomotricidade e educação. 3. ed. Curitiba: Filosofart, 2004.

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