Resumo

A ciência do racismo revela que a ciência, ela própria, é intrinsecamente racista

Àqueles interessados na gênese do conceito de raça e, daí, das sociedades racistas, não podem deixar de ler "Who’s Black and Why?" ("Quem é Preto e Por quê?"), editado por Henry Louis Gates Jr. e Andrew Curran. Em 1741, a Academia Real de Ciências de Bordeaux lançou uma competição para resolver a questão: "Qual é a causa física da pele dos negros, a qualidade de seus cabelos e a degeneração de ambos?"

A obra tem o mérito de reunir os 16 ensaios submetidos ao prêmio. As tresloucadas explicações oferecidas pelos naturalistas para os traços negros (o clima, a bile, o sêmen, os poros da pele, a Divina Providência etc) ajudam a compreender o amadurecimento do conceito científico de raça, o qual transformou supostas diferenças cognitivas e físicas entre povos em categorias normativas e esquemas taxonômicos, com a finalidade de posicionar o branco europeu no pináculo de uma rígida hierarquia racial —e o negro na extremidade inferior dela.

Adornada com uma cientificidade iluminista fajuta, essa ideia de hierarquia racial atravessou, insidiosamente, diferentes momentos históricos, sempre sob a chancela da elite econômica e intelectual.

Acessar