Resumo
Neste estudo, fez-se uma reflexão teórica a partir dos seguintes temas: configurações do trabalho no mundo contemporâneo, cooperativismo, economia e cultura solidárias e qualidade de vida. O objetivo central foi verificar em que medida as organizações autogestionárias, enquanto alternativa ao modelo de produção hegemônico capitalista, contribuem com ações concretas para a melhoria da qualidade de vida de seus associados. A operacionalização do estudo ocorreu através de associação entre aspectos qualitativos e quantitativos. Como técnicas utilizou-se a pesquisa bibliográfica e o trabalho de campo. A primeira consistiu na busca e seleção de obras e autores que, ao tratar dos temas abordados, permitissem consistência teórica necessária. O trabalho de campo foi realizado na cooperativa Nossa Senhora Aparecida, uma cooperativa popular constituída por trinta cooperados, localizada no município de Campinas/SP e que opera com coleta, triagem e venda de resíduos sólidos recicláveis. Esta etapa consistiu de observações, entrevistas e aplicação do formulário sobre dados pessoais e sócio-demográficos e do WHOQOL-abreviado - instrumento de medida de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde - com a finalidade de elaborar um conhecimento sobre esta realidade através de análises e interpretações. Os resultados mostraram que os princípios cooperativistas, longe de serem tomados como dogmas inquestionáveis, são efetivamente considerados como importantes parâmetros à viabilização da opção solidária compartilhada pelos sujeitos sociais que constroem a cooperativa, o que contribui, de forma eficaz, para a melhoria da qualidade de vida dos associados.