Resumo
O objetivo deste estudo foi examinar criticamente a qualidade de vida no trabalho (QVT) dos professores de educação física (EF) atuantes em academias, a partir do ponto de vista docente. Muitos discursos enfatizam o alto valor social das atividades físicas e não raro destacam o profissional de EF como importante agente promotor da saúde e qualidade de vida. Entretanto, poucos trabalhos promoveram análises sobre problemas referentes às relações de trabalho do docente de EF, sendo a sua voz virtualmente ignorada nesse sentido, em praticamente todos os espaços sociais que comportam sua atuação profissional. Essa lacuna acadêmica é também marcante no mercado das academias de atividades corporais, segmento que experimentou um crescimento exponencial desde os anos 80, constituindo aproximadamente cerca de 20 mil unidades em todo o país por volta de 2003 (DA COSTA, 2005), dado significativo inclusive quando comparado internacionalmente. Na fundamentação teórica do presente estudo, além do debate referente à historicidade das condições de trabalho, o problema da QVT foi abordado com prioridade para o tema que vai da democratização do estado à democratização da sociedade, que não pode ser dada como completa enquanto não for substantiva a democratização das relações trabalhistas. Para essa finalidade foram basilares os textos de Bobbio (1992;1995), Levering (1988), Limongi (1996), De Masi (1997;1999;2000), Wallerstein (2001), e do relatório sobre segurança econômica da OIT (ILO, 2004).