Resumo

Essa pesquisa objetivou analisar como as questões de gênero são tratadas nas aulas de Educação Física da rede municipal de ensino de Rio Grande – RS. Para tal, nos apoiamos em correntes teóricas que baseiam-se em um entendimento materialista do desenvolvimento da sociedade e dos fenômenos nela inseridos, utilizando assim, autoras que tomam como base filosófica o marxismo, discutindo sobre as questões de gênero, enovelada com o patriarcado, racismo e as classes sociais. Logo, trata-se de um estudo exploratório/descritivo ancorado em uma abordagem qualitativa, em que participaram cinco escolas da rede escolar municipal da cidade de Rio Grande – RS, abarcando as cinco zonas distritais da dita cidade. Como participantes dessa pesquisa, temos os alunos e as alunas do 9° ano e os professores e as professoras de Educação Física, os quais contribuiram com a pesquisa, respectivamente, através dos seguintes instrumentos de coleta: questionário e entrevista semi-estruturada. Empregando alguns elementos da metodologia denominada Análise Textual Discursiva – ATD, os dados foram analisados, emergindo assim as categorias, as unidades de significados, os capítulos, sendo esses que fazem a discussão da temática. Esses capítulos partiram de uma esfera mais ampla, trazendo primeiramente a sociedade, logo a instituição escolar e por fim, as aulas de Educação Física. No que tange o nosso contexto social e as questões de gênero, há um diagnóstico de sociedade machista; preconceituosa e estereotipada, que rotula e determina regras e padrões aos indivíduos, sendo a desigualdade de gênero no mundo do trabalho também um agravante nesse cenário. Sobre as questões de gênero no âmbito escolar, percebemos que a instituição escola não é um campo neutro, pois ela ainda é um espaço que internaliza os preceitos que estruturam a sociedade, reforçando binarismos, naturalizando situações. Identificamos que às questões que envolvem gênero não são uma temática muito recorrente nas escolas investigadas, sendo que os professores e as professoras têm distintas percepções sobre essa ser tratada nas escolas e nas aulas de Educação Física, resultando em dois grupos: os pródiscussão e os contra discussão. Em relação à Educação Física escolar, encontramos um quadro mais inclinado a práticas corporais esportivizadas, tendo o futebol como atividade mais mencionada no que diz respeito a gostos e não gostos por parte dos alunos e alunas, sendo este também um dos fatores determinantes para haver uma divisão e diferenciação entre os gêneros no momento da prática. Com relação à composição das turmas, percebemos que a maioria dos participantes prefere aula mista, visto que alguns defendem as aulas separadas, alegando que há uma diferença de habilidade e gostos entre meninos e meninas. De forma não tão declarada, as opressões existentes na sociedade também fazem parte do contexto das aulas de Educação Física das escolas investigadas, tendo o futebol; os estereótipos e ao padrão ideal de corpo, como alguns fatores que ocasionam tal situação. Sendo o espaço escolar opressor, percebemos como necessária e urgente à discussão da temática nesse âmbito, visto que, a escola poderia assumir um papel que vai contra o sistema opressor, interiorizando preceitos que auxiliem na emancipação de todos e todas ali presentes.

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