Resumo

O presente estudo se propôs a compreender e explicar como a criança pré-escolar ,internaliza uma representação de corpo construída a partir do cotidiano da escola. Nossa ,hipótese é de que tal representação volta-se aos interesses de manutenção dos preceitos ,morais sustentadores da sociedade capitalista. Para isso, realizamos um estudo de caso ,etnográfico no Jardim de Infância do Instituto de Educação de Goiás durante o ano de ,1999. A tomada de dados ocorreu através de observações, entrevistas, análise de ,documentos, jogos e brincadeiras, estórias, ilustrações, fotografias e desenhos. Nosso ,referencial de análise é a Psicologia Soviética, especificamente os estudos de Wallon e ,Vygotsky. Tal teoria compreende que o desenvolvimento infantil ocorre sempre precedido ,de aprendizagem, via processos de mediação, realizados através da figura do outro, do ,aparato cultural e da linguagem. Nesse sentido, a constituição das representações não está ,ligada a uma atividade unicamente subjetiva, interna e particularizada, mas às relações ,sociais concretas estabelecidas entre os indivíduos de determinados grupos, nesse caso, a ,criança inserida no ambiente escolar. Baseado nisso, a partir do Projeto Político ,Pedagógico, das afirmações das educadoras e da sua prática pedagógica, realizamos análise ,de como a escola vê o sujeito criança, para explicar, então, o processo em que se constitui a ,representação de corpo por ela formulada. Como conclusões, apontamos: 1) Ao ,representar-se na escola, a criança sempre representa o ‘outro’, sejam as autoridades com as ,quais lida – professora, coordenadora –, os colegas ou as regras; 2) A menção exaustiva das ,crianças aos meios coercitivos de que a escola se utiliza para manter uma ‘ordem’ indica que as regras ainda não foram internalizadas, apesar de já serem conhecidas. Nesse caso, o ,controle da instituição ainda é externo; 3) Há uma diferenciação das imagens corporais ,entre meninos e meninas notadas através de certas referências de vaidade, indicando que a ,sexualidade começa a ser ‘definida’ desde tenra idade, processo no qual a escola interfere ,significativamente; 4) Nem sempre a escola consegue conformar um corpo bem adaptado à ,sociedade; 5) A relação pré-escola & mundo do trabalho se explicita somente quando a ,escola admite que educa a criança com vistas à apreensão de conhecimentos utilitáriosquais sejam: ler e escrever. Para isso, a criança precisa ficar ‘quieta’, ser ‘obediente’ e ‘bem ,comportada’, ou seja, adaptar-se às normas sociais.

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