Resumo
Esta tese tem como objetivo analisar como se configuram as relações de poder, na estrutura genealógica e de reprodução do mesmo, no interior dos quatro clubes de futebol da capital do Paraná (Atlético, Coritiba, Paraná e J.Malucelli), bem como avaliar a composição da Federação Paranaense de Futebol na esfera do poder. Utilizando-se de aspectos genealógicos para estabelecer relações entre a estrutura vigente dessas organizações e o poder político local, visto que, no Brasil, poucas regiões são tão expressivas pela dominação de grupos familiares como o Paraná, esta análise se justifica pela recorrência de vários nomes da política local que também se fazem presentes na elite do futebol (Requião, Mello, Malucelli, Fruet, pelos principais). Um instrumento usado para análise será o mapeamento das principais famílias que configuram o campo futebolístico paranaense e que também fazem parte da política do Estado. Para tanto, o universo empírico dessa análise é o mapeamento e excertos de trajetórias dos presidentes dos clubes de Curitiba e da Federação Paranaense de Futebol. Os aportes teóricos utilizados para a consecução deste trabalho serão delineados pelos constructos elaborados por Pierre Bourdieu, Roberto DaMatta, os clássicos da Sociologia, entre outros. A principal contribuição de uma análise nesses moldes, além de ser um mapeamento dos principais dirigentes do futebol paranaense, é a aproximação de um estudo das elites locais com os estudos do futebol, via transferências de capitais entre os campos, que possuem formas de recrutamentos diversos, mas que se estruturam e se consolidam a partir de uma mesma lógica: a da manutenção e reprodução de poder. Será desenvolvida, também, uma análise sintética do futebol inserido no campo da globalização, demonstrando as inferências mundiais na construção de novos paradigmas no poder local e, no caso do futebol, enfatizando os clubes do futebol da capital e quais os novos "perfis" de dirigentes dos clubes advindos do processo de globalização foram estabelecidos, ou seja, "as raposas" e os "outsiders" do futebol aliadas à lógica mercadológica, que trata o futebol como um negócio, enaltecendo o marketing, patrocínios de multinacionais, além do perfil do administrador de empresas para presidir os clubes de futebol.