Resumo
Para a operacionalização de sua metodologia, este estudo conduzido com pacientes de baixo risco ao treinamento (hipertensos e coronariopatas) encaminhado a um Programa de Reabilitação Cardíaca (PRC) foi dividido em duas etapas. A Etapa I teve como objetivo avaliar os efeitos de programa de treinamento físico aeróbico embasado em um Protocolo de Duplos Esforços (PDE) não exaustivo para determinação da intensidade do exercício em relação à melhoria da capacidade aeróbica e fatores de risco cardiovasculares. Esta etapa do estudo empregou modelo quase-experimental (n=67), ao longo de um seguimento de 12 semanas de treinamento físico aeróbico. O Protocolo de treinamento físico foi realizado 3 vezes por semana, com intensidade dada pela velocidade crítica embasada no PDE, duração de 35 minutos. O PDE foi baseado nos resultados de quatro testes de exercício aeróbico realizados de forma aleatória em diferentes intensidades em uma esteira motorizada, através de estimativas do delta de consumo de oxigênio e freqüência cardíaca obtidos em cada teste para determinação da velocidade crítica. A Etapa II do estudo teve como objetivo avaliar a efetividade de um programa de intervenção educativa (PIE) pós-alta do PRC em relação à manutenção da atividade física, dados de capacidade aeróbia e fatores de risco cardiovascular. Esta etapa empregou desenho experimental, incluindo todos os pacientes que concluíram a Etapa I do estudo (n=58). Os pacientes foram randomizados em grupo controle (GC) e intervenção (GI). O PIE é uma intervenção combinando reforço de auto-eficácia e estratégia pós-volitiva para auxílio da implementação da intenção de agir (estratégias de planejamento de ação e enfrentamento de obstáculos). Análise de dados: Na Etapa I, os dados foram submetidos às análises Teste t pareado e Teste da Soma de Postos Sinalizados de Wilcoxon para comparação de medidas repetidas. Na Etapa II, os dados foram submetidos às análises Teste da Soma de Postos Sinalizados de Wilcoxon e Teste de Mann-Whitney para comparação de medidas dependentes (tempo) e independentes (grupos). Foi adotado como nível de significância p<0,05. Resultados: Ao final do acompanhamento da Etapa I, houve um aumento de 14,4% no VO2 pico (p<0,0001) e aumento da velocidade crítica atingida no PDE de 12,3% (p<0,0001); redução na circunferência abdominal de 2,8% (p<0,0001) e aumento de 6,2% no HDL-colesterol (p=0,01). Ao final do acompanhamento da Etapa II, houve um aumento significativo da atividade física dado pelo auto-relato do GI em relação ao GC (p<0,001) e aumento de atividades no lazer no GI em T3 (p<0,01); diminuição do VO2 pico e METs pico no GC (p<0,05) e manutenção no GI, e aumento do VO2 máximo estimado no GI em T3 (p<0,05). A circunferência abdominal, peso corporal e índice de massa corporal aumentaram no GC (p<0,05) e mantiveram no GI em T3. Houve diminuição do colesterol total no GI em T3, em comparação ao GC (p<0,05). Conclusão: O PDE mostrou-se um método promissor para a prescrição de treinamento físico entre os pacientes com doença cardiovascular, apresentando benefícios em relação à capacidade física, e marcadores de risco cardiovascular como circunferência abdominal e HDL-colesterol. O PIE apresentou evidência de eficácia na manutenção e melhora do comportamento de atividade física, bem como dos benefícios obtidos pelo PRC.