Resumo

As diretrizes atuais adotam uma abordagem integrada dos comportamentos de movimento nas 24 horas, reconhecendo a atividade física (AF), o comportamento sedentário (CS) e o sono como componentes interdependentes. Embora mudanças em um comportamento afetem os demais, os efeitos das realocações de tempo sobre os sintomas depressivos ainda são pouco compreendidos. Objetivo: analisar a associação entre a realocação de tempo entre comportamentos de movimento de 24 horas e sintomas depressivos em pessoas idosas. Métodos: esta análise transversal utilizou os dados de 497 idosos (74% de mulheres; ≥60 anos) do estudo EpiMove (2023-2024) que integra da quinta onda da coorte de base populacional EpiFloripa Idoso em Florianópolis. Os sintomas depressivos foram avaliados pela Geriatric Depression Scale (GDS-15) e categorizados dicotomicamente (ausência e presença). Os comportamentos de movimento de 24 horas foram mensurados pelo acelerômetro wGT3X-BT durante sete dias consecutivos. Modelos de regressão logística composicional estimou a associação entre a realocação de tempo entre os comportamentos de movimento de 24 horas e sintomas depressivos. Resultados: os sintomas depressivos foram reportados em 19,7% (IC95%: 16,4-23,5) da amostra. Observou-se uma tendência compatível com um padrão dose-resposta, em que maiores quantidades de tempo realocado para AF moderada-a-vigorosa (AFMV) se associam a menores chances de sintomas depressivos. Como exemplo, a realocação de 10 minutos por dia de CS por AFMV esteve associada redução de 15% da chance do desfecho (OR: 0,85; IC95%: 0,75-0,96), assim como a realocação de tempo de sono para AFMV (OR: 0,86; IC95%: 0,76-0,98). Conclusão: a realocação de tempo de CS e sono para AFMV esteve associada a menores chances de sintomas depressivos, seguindo um padrão dose-resposta. Esses resultados destacam a importância de incentivar incrementos graduais na prática de AFMV ao longo do dia como estratégia potencial de proteção à saúde mental em pessoas idosas.

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