Reconhecer Para Enfrentar: Práxis Pedagógica Antirracista na Educação Física Escolar
Por Denise Aparecida Corrêa (Autor), Paloma de Campos Rodrigues (Autor).
Resumo
Este artigo buscou compreender e caracterizar a práxis pedagógica antirracista nas aulas de educação física na perspectiva docente. Com abordagem metodológica qualitativa, o estudo envolveu pesquisa bibliográfica e de campo da qual participaram oito docentes do componente curricular educação física no ensino fundamental. A análise das narrativas das docentes revelou o comprometimento da educação antirracista com o enfrentamento ao currículo eurocêntrico e monocultural. A fruição de manifestações culturais de matrizes africanas e indígenas, atrelada ao diálogo e reflexão para desconstrução de estereótipos e preconceitos, perpassou a práxis pedagógica antirracista das docentes, a qual se mostrou comprometida com a democratização dos conhecimentos, com o engajamento da comunidade escolar e estímulo ao protagonismo dos/as educandos. Consideramos primordial o fomento à formação docente inicial e continuada para ampliação e efetivação da educação antirracista na escola.
Palavras-chave: Antirracismo. Práxis Docente. Educação Física Escolar.
Recognize to face: anti-racist pedagogical practice in school physical education
Abstract
This article sought to understand and characterize the anti-racist pedagogical praxis in physical education classes from a teaching perspective. With a qualitative methodological approach, the study involved bibliographical and field research in which eight teachers of the physical education curriculum component in elementary school participated. The analysis of the teachers’ narratives revealed the commitment of anti-racist education to confront the eurocentric and monocultural curriculum. The fruition of cultural manifestations from african and indigenous matrices, coupled with dialogue and reflection to deconstruct stereotypes and prejudices, permeated the anti-racist pedagogical praxis of teachers, which proved to be committed to the democratization of knowledge, with the engagement of the school community and encouragement to the role of the students. We consider it essential to encourage initial and continuing teacher education to expand and implement anti-racist education in schools.
Keywords: Anti-Racism. Teaching Praxis. School Physical Education.
Reconocer a la cara: praxis pedagógica antirracista en la educación física escolar
Resumen
Este artículo buscó comprender y caracterizar la praxis pedagógica antirracista en las clases de educación física desde una perspectiva docente. Con un enfoque metodológico cualitativo, el estudio involucró una investigación bibliográfica y de campo en la que participaron ocho docentes del componente curricular de educación física en la escuela primaria. El análisis de las narrativas de los profesores reveló el compromiso de la educación antirracista para enfrentar el currículo eurocéntrico y monocultural. La fructificación de manifestaciones culturales desde matrices africanas e indígenas, sumadas al diálogo y la reflexión para deconstruir estereotipos y prejuicios, impregnaron la praxis pedagógica antirracista de los docentes, que se mostraron comprometidos con la democratización del conocimiento, con el compromiso de la comunidad escolar y estímulo al rol de los estudiantes. Consideramos fundamental fomentar la formación docente inicial y continua para ampliar e implementar la educación antirracista en las escuelas.
Palabras clave: Antirracismo. Praxis Docente. Educación Física Escolar.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S. L. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação/Secad. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica. Brasília: MEC, 2004.
BRASIL. Lei 11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 10.639, de 3 de janeiro de 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 30 nov. 2021.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: educação física. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CAVALLEIRO, E. Discriminação racial e pluralismo nas escolas públicas da cidade de São Paulo. In: BRASIL. Ministério da Educação/SECADI. Educação e anti-racismo: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília: SECAD/MEC, 2005. p. 65-104.
CAVALLEIRO, E. Educação antirracista: compromisso indispensável para um mundo melhor. In: CAVALLEIRO, E (org.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro, 2001. p. 141-160.
CORRÊA, D. A; SILVA, M. G. A; CARVALHO, F. B. Jogos de tabuleiro africanos: tradição e diversão no ensino médio. Revista Brasileira de Estudos do Lazer, v. 7, n. 2, p. 64-83, 2020.
COSTA, B. R. L. Bola de neve virtual: o uso das redes sociais virtuais no processo de coleta de dados de uma pesquisa científica. Revista Interdisciplinar de Gestão Social, v. 7, n. 1, p. 15-37, 2018.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 43. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GOMES, N. L. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem fronteiras, v. 12, n. 1, p. 98-109, 2012.
GOMES, N. L. Diversidade étnico-racial, inclusão e equidade na educação brasileira: desafios, políticas e práticas. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 27, n. 1, p. 109-121, 2011.
GOMES, N. L. Educação, identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. Educação e pesquisa, v. 29, n. 1, p. 167-182, 2003.
GOMES, R. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 67-80.
GROSFOGUEL, R. Para uma visão decolonial da crise civilizatória e dos paradigmas da esquerda ocidentalizada. In: BERNARDINI-COSTA, J; MALDONADO-TORRES, N; GROSFOGUEL, R. (org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 55-77.
MARANHÃO, F. Jogos africanos e afro-brasileiros nas aulas de educação física: processos educativos das relações étnico-raciais. 2009. 173 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009.
MARANHÃO, F; GONÇALVES JUNIOR, L. Jogos africanos e afro-brasileiros na educação física escolar: processos educativos inter-étnicos. In: COLÓQUIO DE PESQUISA QUALITATIVA EM MOTRICIDADE HUMANA, 4., 2009, São Carlos. Anais [...]. São Carlos, 2009. p. 252-265. Disponível em: http://motricidades.org/conference/index.php/cpqmh/issue/view/4cpqmh/4. Acesso em: 29 nov. 2021.
MARANHÃO, F; GONÇALVES JUNIOR, L; CORRÊA, D. A. Jogos e brincadeiras africanos nas aulas de educação física: construindo uma identidade cultural negra positiva em crianças negras e não negras. In: JORNADAS DE JÓVENES INVESTIGADORES DE LA AUGM, 15., 2007, Asunción. Actas [...]. Asunción, 2007. (CDROM).
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Editora Atlas, 2003.
MIRANDA, L. L. R. N. Atuação docente antirracista nas aulas de educação física. 2017. 93 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, 2017.
MOTA, J. S. Utilização do Google Forms na pesquisa acadêmica. Revista Humanidades e Inovação, v. 6, n. 12, p. 371-380, 2019.
NEGRINE, A. Instrumentos de coleta de informações na pesquisa qualitativa. In: MOLINA NETO, V; TRIVIÑOS, A. N. S. (org.). A Pesquisa qualitativa na educação física: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Editora Universidade/ UFRGS/ Sulina, 1999. p. 61-93.
OLIVEIRA, A. G. S; SOAREZ, A. C. A. M; OLIVEIRA, G. A; SANTOS, N. L; SILVA, L. A. Processos educativos desvelados no conviver: curso equidade. Motricidades: Revista da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana, v. 4, n. 2, p. 167–179, 2020. Disponível em: https://motricidades.org/journal/index.php/journal/article/view/2594-6463.2020.v4.n2.p167-179. Acesso em: 29 nov. 2021.
RANGEL, I. C. A. Racismo, preconceito e exclusão: um olhar a partir da Educação Física escolar. Motriz, v. 12, n. 1, p. 73-76, 2006.
RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo. Companhia das Letras, 2019.
RODRIGUES, P. C.; CORRÊA, D. A. Representatividade negra nas histórias de princesas. Revista África e Africanidades, v. 14, n. 39, p. 93-108, 2021. Disponível em: https://africaeafricanidades.online/documentos/dossiearteeliteratura2021.pdf#page=94. Acesso em: 30 nov. 2021.
SANTOS, B. S. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SANTOS, B. S; NUNES, J. A. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. In: SANTOS, B. S. (org.). Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 25-68.
SANTOS, M. V. O estudante negro na cultura estudantil e na educação física escolar. 2007. 240 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
SILVA, N. F. I. Africanidade e religiosidade: uma possibilidade de abordagem sobre as sagradas matrizes africanas na escola. In: BRASIL. Ministério da Educação/SECADI. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Brasília: MEC, 2005. p. 121-130.
SILVA, P. B. G. Aprender, ensinar e relações étnico-raciais no Brasil. Educação, Porto Alegre, v. 30, n. 3, p. 489-506, 2007. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/2745/2092. Acesso em: 01 dez. 2021.
SILVA, R. B. S. Jogos de tabuleiro africanos na educação física escolar: possibilidades pedagógicas. 2019. 43 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, 2019.
SILVA, S. M. Imagens de africanidade: uma leitura de mundo anti-racista. Rio de Janeiro, 2003. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2003.