Reconversão Torcedora: Transgressão ou Um Caso de Extensão Simbólica?
Por Luiz Henrique de Toledo (Autor).
Em R@u - Revista de Antropologia da Ufscar v. 12, n 1, 2020.
Resumo
Este artigo trata das formas de torcer (Toledo, 2002) de um ponto de vista ainda pouco observado. Centrado na esfera da pessoa e não propriamente nas estratégias que definem regimes classificatórios de adesão clubísticas, o argumento incide sobre processos de relativização da socialidade fixada em torno dos coletivos que unem times e militância, definindo o torcedor como parte de um todo. O argumento está acomodado na noção de reconversão, isto é, processo tardio em que a pessoa torcedora pode ser retotalizada. Reconversão não é tomada somente como manifestação de crise geracional ou de personalidade, desapego identitário, arrefecimento do interesse pela prática torcedora, mas como processo de extensão do torcer que multiplica as possibilidades da mudança e que pode levar à troca ou experimentações dessa adesão esportiva. Tal processo aparentemente mais raro ou ainda pouco verbalizado contrasta com várias formas de adesão ou abandono da militância clubística, mostrando que o torcer pode ser observado como processo de relativização das convenções inatas ou inertes de justaposição de referentes simbólicos exteriores na fabricação da pessoa torcedora.