Resumo

A travessia de rua é uma tarefa complexa para o idoso, pois exige uma velocidade de marcha maior do que o idoso esta habituado, podendo gerar um aumento da Demanda Funcional (DF), tornando o idoso mais suscetível à queda, principalmente aqueles com perda de força muscular, por este ser um dos principais fatores responsáveis pela redução da mobilidade funcional. Esse trabalho tem por objetivo identificar e comparar a demanda funcional de idosos com mobilidade normal e mobilidade reduzida durante marcha em velocidade de preferência e com travessia de rua. Participaram do estudo 24 idosas, com idade entre 60 e 80 anos, divididas em 2 grupos: idosas com mobilidade normal (GIMN) e idosas com mobilidade reduzida (GIMR), de acordo com o critério de ter ou não torque extensor de joelho isométrico máximo maior que 1.5 Nm.kg-1 A avaliação biomecânica da marcha foi feita utilizando um sistema de análise de movimento 3D sincronizado com uma plataforma de força e a máxima força isométrica do quadril, joelho e tornozelo foi avaliada utilizando um dinamômetro isocinético em três diferentes amplitudes de movimento. O teste de marcha consistiu em duas condições distintas: marcha em velocidade de preferência (I) e marcha com simulação de travessia de rua (II). A DF foi calculada para os movimentos de flexão e extensão do quadril, joelho e tornozelo durante as condições de marcha. Foi utilizado o teste Anova Two-Way Medidas Repetidas para comparação entre os grupos e condições de marcha. A comparação entre grupos mostrou que o GIMR apresentou maior DF para todos os movimentos analisados em comparação ao GIMN. Houve efeito de condição apenas para o torque extensor de joelho, sendo maior na condição II em relação a I. A interação entre grupos e condições mostrou que para a condição de marcha I o GIMR apresentou maiores valores de DF para os movimentos de flexão do quadril e flexão/extensão de joelho. Já durante a condição de marcha II o GIMR apresentou maior DF apenas para o movimento de extensão do joelho. Os resultados encontrados mostram que idosos com mobilidade reduzida apresentam maior DF para todas as articulações dos membros inferiores comparados a idosos com mobilidade normal, principalmente para os extensores de joelho, sendo esses de extrema importância para as atividades diárias onde sua fraqueza aumenta o risco de incapacidade. A DF elevada para o GIMR demonstra uma menor reserva muscular fisiológica, desta forma, o idoso apresenta menor capacidade para reagir a uma possível perturbação, levando assim a queda. A travessia de rua se mostra um desafio por exigir que os idosos trabalhem acima do limite aceitável para realizar uma tarefa segura (< 80%), o que pode fazer com que o idoso não atenda a demanda exigida pela atividade, culminando em um acidente fatal e lesões graves. Assim, o presente estudo enfatiza a importância da manutenção dos níveis de força muscular na população idosa, especialmente dos extensores de joelho.

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