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Os Jogos Panamericanos 2007, realizados na cidade do Rio de Janeiro foi o maior
evento esportivo realizado no Brasil (171.000 turistas, 73% da população acompanhou o
evento, custo de R$ 3,8 bilhões). Considerando todo seu planejamento, a estrutura, a
organização, o elevado orçamento e as construções esportivas realizadas, quão efetivo
isto se torna quando a questão é a prática esportiva pós evento? A forma como a mídia
apresentou as conquistas do Pan parece dar pequena importância ao aumento da prática
esportiva, destacando primeiramente outras questões, tais como os novos estádios,
transporte público, o uso do dinheiro público e a formação de atletas de alto nível.
Segundo autores pesquisados, os grandes eventos esportivos podem ser analisados em 3
aspectos: o legado deixado, fruto da idealização e realização dos eventos; as
necessidades sociais e os impactos do mesmo na realidade econômica e social. Os
legados de grandes eventos esportivos podem ser associados a resultados que
transcendem ao âmbito esportivo. Há duas subdivisões ao legado do evento: os efeitos
de ordem material (instalações esportivas; transportes urbanos; habitações e alojamentos
e os fatores econômicos) e os de ordem não-material (treinamento profissional; prática
esportiva; produção de conhecimento e tecnologia; identidade nacional; imagem urbana
e imaginário social). Durante a análise dos Jogos e o desenvolvimento deste trabalho,
pudemos observar que a mídia apresentou dois grandes grupos em relação ao evento:
um grupo de otimistas e outro de pessimistas com relação à preparação, organização e
resultados do Pan no Brasil. Outro aspecto é o destaque apenas aos feitos esportivos e
enfoque nos atletas que apresentaram resultados e destaque nas provas. Cabe-nos
indagar se houve mesmo este legado social, ou se os benefícios estimados foram
realmente atingidos. Os Jogos Pan-Americanos mais caros da história não trouxeram
nenhum benefício para as supostas ações sociais de despoluição da Baía de Guanabara,
transporte público e segurança, nem tampouco para as questões da prática esportiva.
Buscamos informações no município do Rio de Janeiro, no governo estadual e no
Ministério do Esporte; em todas as instâncias, não conseguiram nos informar sobre a
influência dos jogos no aumento ou estimulação da prática esportiva e massificação das
modalidades. Considerando que 76,6% dos adolescentes paulistas com idade entre 14 e
18 anos praticam rotineiramente alguma atividade esportiva, mas 51,5% desses jovens
não seguem orientação profissional, seria de fato uma grande conquista ter o espaço
para a prática esportiva, dar estímulo materiais, mas sem orientação profissional e ainda
com um custo tão alto? Que diretrizes poderiam ser adotadas para transformar o legado
de grandes eventos esportivos numa conquista pública? Este artigo analisa tais questões
relativas às vitórias e derrotas decorrentes dos jogos de 2007 reconstruindo a idéia de
legado esportivo.