Registros das Práticas Corporais no Século XIII: a Educação do Corpo e da Moral Presentes em o Livro da Ordem de Cavalaria (1279 - 1283)
Por Paula Carolina Teixeira Marroni (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
Tomando como referência registros das práticas corporais medievais, percebe-se um elemento presente em diversos momentos da história da educação física: a relação entre qualidades físicas e morais no desenvolvimento do sujeito. Raimundo Lúlio (1232 – 1316), monge catalão proveniente de Maiorca, redigiu, entre outras 300 obras, O Livro da Ordem de Cavalaria (1279 – 1283), considerado aqui manual de formação do cavaleiro medieval e fonte para esta pesquisa. O estudo objetiva apresentar o Livro da Ordem de Cavalaria como um registro das práticas corporais no século XIII, permitindo conhecer como os homens dessa época consideravam e registravam o trato com o conhecimento sobre o corpo e sua relação com outros aspectos da vida do sujeito, tais como as virtudes e as qualidades morais e, nesse sentido, referência relevante para a história da educação física. Para sua análise, consideramos o século XIII e o espaço da Europa Ocidental e, admitindo a possibilidade de diálogo entre a obra e o contexto histórico, tomamos como referência a História Social (CASTRO, 1997). Elaborado entre 1279 e 1283, o livro possui um Prólogo e sete capítulos que abordam elementos do plano físico e do plano moral, sempre relacionados. No plano físico, corpo adequado para função em temos de idade que equilibre vigorosidade e velocidade, força para carregar armas, habilidades manuais e coordenativas para uso das armas e controle do cavalo e, no plano moral, virtudes importantes para o convívio em sociedade. Considerando que, para Lúlio, o cavaleiro medieval forte e virtuoso era um modelo de conduta social (MARRONI, 2015), este registro se faz relevante perspectiva de educação como um processo contínuo da vida, realizada por meio das relações estabelecidas com a sociedade, para além do aspecto formal de educação. Ambas as condutas, física e moral, completam-se, pois, segundo Lúlio (2000), nem nobreza, nem linhagem, são suficientes para a ação se não houver capacidade física para os trabalhos da Ordem e, da mesma maneira, nada adianta um corpo preparado para as funções, sem fé e sem consciência de sua função social e de espelho educativo. Observamos que, para Lúlio, as qualidades físicas e morais caminham lado a lado, nos permitindo perceber como os homens do século XIII observaram o curso da história, a registravam e que homens buscava formar. Por essa razão, consideramos este manual de formação e treinamento do cavaleiro medieval uma importante fonte de registro de práticas corporais no século XIII e, portanto, referencial para o estudo da história da educação física.
Referências
LÚLIO, Raimundo. O livro da Ordem de Cavalaria. Tradução de Ricardo da Costa. São Paulo: Giordano, Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio” (Ramon Llull), 2000.
MARRONI, Paula Carolina Teixeira. O Livro da Ordem de Cavalaria, de Raimundo Lúlio: uma proposta de educação social pautada no modelo de conduta virtuosa. 2015. 253 f. Tese (doutorado em Educação). Programa de Pós Graduação em Educação, Departamento de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2015.
Fonte de financiamento: CAPES.