Resumo

A final da Taça de Ouro de 1980, que terminou com a vitória do Flamengo por 3 a 2 sobre o Atlético, é um jogo infinito, que nos abre veredas para muitas reflexões. Em primeiro lugar porque foi uma partida polêmica, em virtude da expulsão de Reinaldo, o principal jogador de um Atlético brilhante, sem justificação clara. Além disso, a ligação do Flamengo, a partir do final dos anos de 1970, com o regime militar brasileiro faz com que existam claras analogias entre aquele momento histórico e o atual. Este ensaio se dedica a pensar esses aspectos, mas, acima de tudo, investiga uma interseção entre imagem e memória: enquanto as imagens técnicas daquela partida a situam num passado, de algum modo, perfeito, sua lembrança a infla de contemporaneidade. O ensaio tocará a noção de tempo e duração de Henri Bergson e a reflexão de Susan Sontag sobre fotografia.

Referências

BARTHES, Roland. A câmara clara – nota sobre a fotografia. Trad. Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

BERGSON, Henri. A evolução criadora. Trad. Bento Prado Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

BERGSON, Henri. O pensamento e o movente. Trad. Bento Prado Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

BORGES, Jorge Luis. Nueva refutación del tiempo. In. Obras completas. Barcelona: Emecé, 1996, p. 135-149.

BIOY CASARES, Adolfo; BORGES, Jorge Luis. Esse est percipi. In. BORGES, Jorge Luis. Obras completas en colaboración. 4. ed. Barcelona: Emecé, 1997. p. 360-362.

BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo – crítica da violência ética. Trad. Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

CAMÕES, Luís de. Rimas. Ed. Álvaro J. da Costa Pimpão. Coimbra: Almedina, 2005.

FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa-preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

SONTAG. Susan. Sobre fotografia. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

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