Resumo
Diferentes fatores intrínsecos e extrínsecos vêm sendo estudados para compreender de que forma eles são capazes de interferir na prática de atividade física de crianças, tendo os ambientes familiar e escolar como elementos fundamentais que podem atuar como fontes promotoras de atividade física. OBJETIVO: verificar a relação dos componentes do ambiente escolar e familiar com o nível de atividade física em crianças de 9 e 10 anos da rede municipal de ensino de Curitiba-PR. METODOLOGIA: estudo transversal, com técnica de pesquisa correlacional. A amostra teve caráter probabilístico, tendo sido composta por 461 crianças de 10 escolas municipais, sendo 236 meninos e 225 meninas. O ambiente familiar foi avaliado por meio de instrumento de apoio do(s) pai(s) (ou responsável) para prática de atividade física, e de checklist de aspectos do ambiente familiar. O ambiente escolar foi mensurado por meio de instrumentos que verificaram as estruturas para a prática de atividade física, assim como normas de promoção de atividade física nas escolas. As variáveis, nível de atividade física dos pais, nível socioeconômico e índice de massa corporal das crianças foram utilizadas apenas para descrição da amostra. Para a estatística descritiva, foram utilizadas a frequência absoluta e relativa, além do teste de qui-quadrado para comparação entre meninos e meninas. A relação dos itens do ambiente familiar e escolar com o nível de atividade física das crianças foi verificada por meio da regressão de Poisson, adotando p ≥0,05. RESULTADOS: para as meninas: número de áreas para esporte na escola (RP:1,61; IC95%:1,01-2,57), presença de ≥ 2 espaços na residência para prática de atividade física (RP:1,23; IC95%: 1,09-1,40), morar em apartamento (RP:1,09; IC95%: 1,01-1,19) e receber estímulo dos pais (RP:1,10; IC95%: 1,01-1,20) foram associados positivamente com níveis mais altos de atividade física. Do contrário: áreas para jogos, número de quadras poliesportivas na escola (RP:0,78; IC95%:0,61-0,99), ensino integral (RP:0,44; IC95%: 0,22-0,89) e o fato de não ter irmãos (RP:0,93; IC95%: 0,86-0,99) foram associados negativamente. Para meninos: receber sempre o apoio dos pais (assistir) para prática de atividade física (RP:1,13; IC95%:1,01-1,28), ter a presença do responsável ≥4 horas/dia (RP:1,11; IC95%: 1,02-1,19), e na escola possuir dinheiro exclusivamente para materiais de recreio (RP:1,38; IC95%:1,01-1,91), foram associadas positivamente com níveis mais altos de atividade física. Em contrapartida: morar em apartamento (RP:0,92; IC95%: 0,86-0,99) foi associado negativamente para os meninos. CONCLUSÃO: componentes do ambiente escolar e familiar mostraram ter relação com maiores chances de as crianças serem ativas, devendo os dois ambientes ser estudados em conjunto. O ambiente familiar mostrou-se ser aquele que apresenta mais variáveis correlacionadas ao nível de atividade física de crianças entre 9 e 10 anos, do sexo masculino e feminino.