Relação Dose-resposta Entre Quantidade de Atividade Física Intensa e Variabilidade da Frequência Cardíaca em Adultos
Por Rodrigo Pereira (Autor), Matheus Oliveira (Autor), Thiago de Sousa (Autor), Renata Kan (Autor), Evandro Fornias Sperandio (Autor), Marcello Romiti (Autor), Antônio Ricardo de Toledo Gagliardi (Autor), Rodolfo Leite Arantes (Autor), Victor Zuniga Dourado (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: a quantidade mínima de atividade física diária relacionada com benefícios à saúde cardiovascular já foi amplamente determinada. Por outro lado, pouco se sabe sobre o impacto de quantidades extremas de atividade física vigorosa (AFV) na saúde cardiovascular. Os efeitos deletérios da AFV, i.e., com gasto energético ≥ 6 equivalentes metabólicos, para o coração permanecem controversos. Levantamos a hipótese de que quantidades extremamente altas de AFV não se associam com benefícios adicionais na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em adultos. Objetivo: avaliar a relação dose-resposta entre AFV e VFC em adultos. Métodos: Selecionamos 1040 indivíduos sem doenças crônicas sintomáticas (60% mulheres, 42 ± 15 anos; 28 ± 6 kg/m2) do Estudo Epidemiológico do Movimento Humano (Estudo EPIMOV). Após aquisição de dados sócio-demográficos e clínicos, avaliamos a frequência cardíaca no repouso utilizando um cardiofrequencímetro (POLAR RS800cx). Os participantes permaneceram em decúbito dorsal por 10-min e selecionamos uma janela de 5-min intermediária para análise da VFC. Desvio-padrão dos intervalos RR (SDRR), valor quadrático médio dos intervalos RR (RMSSD), quantidade de intervalos RR com diferença > 50 ms (NN50), domínios de baixa (LF) e alta (HF) frequência em ms2 e os índices SD1 e SD2 da plotagem de Poincaré foram quantificados. A atividade física foi avaliada por meio do uso de um acelerômetro triaxial (Actigraph GT3x+) acima do quadril dominante por 4-7 dias consecutivos. Avaliamos também o pico de captação pulmonar de O2 (VO2) em um teste de exercício cardiorrespiratório em esteira. O participantes foram então divididos em cinco grupos de acordo com os quintis de AFV em min/dia (grupo 1, < 0,20; grupo 2, 0,20 – 0,39; grupo 3, 0,40 – 0,99; grupo 4, 1,00 – 3,1; grupo 5, ≥ 3,2). Avaliamos a tendência linear da VFC através dos quintis e utilizamos a transformação logarítmica para comparar os cinco grupos em modelo linear geral multivariado. Os modelos foram ajustados por idade, sexo, risco cardiovascular e pico de VO2. Resultados: Todos os índices da VFC avaliados apresentaram tendência linear significativa (p < 0,05), com melhor VFC com aumento da AFV. Entretanto, o grupo 5 não apresentou melhor VFC comparado ao grupo 4 (p > 0,05) para nenhum dos índices avaliados (SDRR, RMSSD, NN50, HF, LF, SD1 e SD2). Conclusão: Nossos resultados mostraram benefícios significativos da AFV na modulação autonômica de adultos assintomáticos, contudo, sugerem que quantidades extremamente altas de AFV não estão associadas com benefícios adicionais na VFC.