Resumo

Introdução: a quantidade mínima de atividade física diária relacionada com benefícios à saúde cardiovascular já foi amplamente determinada. Por outro lado, pouco se sabe sobre o impacto de quantidades extremas de atividade física vigorosa (AFV) na saúde cardiovascular. Os efeitos deletérios da AFV, i.e., com gasto energético ≥ 6 equivalentes metabólicos, para o coração permanecem controversos. Levantamos a hipótese de que quantidades extremamente altas de AFV não se associam com benefícios adicionais na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em adultos. Objetivo: avaliar a relação dose-resposta entre AFV e VFC em adultos. Métodos: Selecionamos 1040 indivíduos sem doenças crônicas sintomáticas (60% mulheres, 42 ± 15 anos; 28 ± 6 kg/m2) do Estudo Epidemiológico do Movimento Humano (Estudo EPIMOV). Após aquisição de dados sócio-demográficos e clínicos, avaliamos a frequência cardíaca no repouso utilizando um cardiofrequencímetro (POLAR RS800cx). Os participantes permaneceram em decúbito dorsal por 10-min e selecionamos uma janela de 5-min intermediária para análise da VFC. Desvio-padrão dos intervalos RR (SDRR), valor quadrático médio dos intervalos RR (RMSSD), quantidade de intervalos RR com diferença > 50 ms (NN50), domínios de baixa (LF) e alta (HF) frequência em ms2 e os índices SD1 e SD2 da plotagem de Poincaré foram quantificados. A atividade física foi avaliada por meio do uso de um acelerômetro triaxial (Actigraph GT3x+) acima do quadril dominante por 4-7 dias consecutivos. Avaliamos também o pico de captação pulmonar de O2 (VO2) em um teste de exercício cardiorrespiratório em esteira. O participantes foram então divididos em cinco grupos de acordo com os quintis de AFV em min/dia (grupo 1, < 0,20; grupo 2, 0,20 – 0,39; grupo 3, 0,40 – 0,99; grupo 4, 1,00 – 3,1; grupo 5, ≥ 3,2). Avaliamos a tendência linear da VFC através dos quintis e utilizamos a transformação logarítmica para comparar os cinco grupos em modelo linear geral multivariado. Os modelos foram ajustados por idade, sexo, risco cardiovascular e pico de VO2. Resultados: Todos os índices da VFC avaliados apresentaram tendência linear significativa (p < 0,05), com melhor VFC com aumento da AFV. Entretanto, o grupo 5 não apresentou melhor VFC comparado ao grupo 4 (p > 0,05) para nenhum dos índices avaliados (SDRR, RMSSD, NN50, HF, LF, SD1 e SD2). Conclusão: Nossos resultados mostraram benefícios significativos da AFV na modulação autonômica de adultos assintomáticos, contudo, sugerem que quantidades extremamente altas de AFV não estão associadas com benefícios adicionais na VFC.

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