Resumo

A prevalência de percepção negativa da saúde vem aumentando gradativamente nos últimos anos, principalmente entre os adolescentes de diferentes níveis socioeconômicos. É considerado como um importante indicador de saúde, podendo apresentar relações com diferentes desfechos em saúde. OBJETIVO: Determinar a prevalência e analisar as possíveis associações entre a percepção negativa de saúde e diferentes fatores de risco em adolescentes. MÉTODOS: Estudo de base escolar e de corte transversal, realizado com uma amostra probabilística composta por 527 adolescentes (49% rapazes), com idade entre 10 e 15 anos (11,8 ± 0,74), pertencente aos sextos anos das escolas da rede pública de ensino da cidade de Londrina-PR. A percepção negativa de saúde foi determinada a partir de respostas autorreferidas dos adolescentes nas categorias ―ruim‖ e ―regular‖ à seguinte questão: ―De uma maneira geral, como você avalia sua saúde?‖. Os fatores de risco analisados foram a pressão arterial elevada (PAS e/ou PAD ≥ percentil 90 conforme NHBPEP), o excesso de peso (IMC ≥ percentil 85 conforme WHO) e a obesidade abdominal (circunferência de cintura ≥ percentil 95 conforme NHANES). RESULTADOS: A prevalência de percepção negativa da saúde foi de 12,8%, sendo associada ao sexo (moças = 16%, rapazes = 9,5%; P < 0,05) e a idade (10-12 anos = 11,3%, 13-15 anos = 20,5%; P < 0,05). Análises de regressão de Poisson ajustadas para sexo, idade e nível econômico revelaram que a percepção negativa da saúde foi associada com o excesso de peso (RP = 1,45; IC95% = 1,11 – 1,89), à obesidade abdominal (RP = 1,77; IC95% = 1,15 – 2,72) e à pressão arterial elevada (RP = 1,92; IC95% = 1,11 – 3,30). CONCLUSÃO: O excesso de peso, a obesidade abdominal e a pressão arterial elevada parecem influenciar negativamente a percepção de saúde de adolescentes, demonstrando que este indicador pode ser utilizado em levantamentos populacionais que buscam estimar o nível global de saúde de populações jovens.