Resumo
O tratamento do paciente com DM1 engloba importante tríade que é a alimentação saudável, insulinoterapia e a inclusão de atividade física. Entretanto reduzir o risco de hipoglicemias depende do adequado ajuste destes três fatores. Verificar a influência do horário da prática de exercícios aeróbios intermitentes em crianças e adolescentes com diabetes tipo 1, que utilizam insulina, na prevenção de episódios de hipoglicemia pós-exercício e durante as 24 horas subseqüentes. A amostra foi constituída por 30 crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1. Foram avaliadas a estatura (cm), massa corporal (cm), composição corporal por meio do equipamento de absorciometria de feixe duplo (DXA) e maturação sexual utilizandose o teste de Tanner. Realizou-se a avaliação direta do consumo máximo de oxigênio (VO2 máx). Para a glicemia utilizou-se o monitor contínuo de glicose GUARDIAN®REAL Time (MEDTRONIC), utilizado para monitorar o comportamento glicêmico do indivíduo até 24 horas após a realização do exercício. Os pacientes realizaram o mesmo protocolo de exercícios físicos (EF) duas horas após insulina (EF2h) e uma hora após aplicação de insulina (EF1h), no qual o indivíduo permaneceu pedalando por 30 minutos em cicloergômetro com a carga de 60% do VO2 máx intercalado com cinco períodos de intensidades máximas com duração de 10 segundos a cada 5 minutos. Para avaliação do nível de atividade física foi utilizado o questionário de Bouchard. Amostra sanguínea foi utilizada para análises de: HDL, LDL, Colesterol Total, triglicerídeos,HbA1c, insulina e cortisol. As análises estatísticas utilizadas foram: Teste t de Student, Teste U de Mann Whitney para os dados não paramétricos, qui-quadrado, Odds ratio, correlação de Spearman e regressão múltipla de stepwise. Adotou-se nível alpha estipulado em p<0,05 para todas as análises. Quanto à maturação sexual 61% dos meninos e 41,2% das meninas foram classificados como púberes e como eutróficos conforme IMC escore z (84,6% meninos e 82,4% meninas), sem diferença nas proporções entre os sexos. Houve diferença na variação glicêmica pré e pós-exercício em ambos os exercícios, com maior diferença para o EF2h (p<0,05). O EF2h desencadeou maior número de episódios de hipoglicemias nas 24 horas seguintes (n=134) do que após EF1h (n=84, Qui=11,504; p=0,001). Em relação aos períodos de ocorrências da hipoglicemia, houve maior proporção nas 8 horas seguintes ao EF2h (n=71 episódios, 53,8%) e nenhuma no EF1h (Qui=38,568; p=0,0001), enquanto que o EF1h apresentou maior número de episódios de hipoglicemias noturnas (n=60, 71,4%) em relação ao EF2h (n=31, 23,1%, Qui=49,521; p=0,0001). Houve maior redução da quantidade média da insulina de ação rápida aplicada no dia seguinte do EF1h do que no EF2h (p=0,031). Conclui-se que a realização de exercícios intermitentes realizados uma hora após a aplicação de insulina e alimentação demonstra ter menor risco de hipoglicemias nas 8 horas seguintes aos exercícios, contudo apresenta maior risco de hipoglicemia noturna comparado com o exercício realizado duas horas após. Além disso, o exercício intermitente realizado uma hora após a aplicação de insulina auxilia na redução das doses de insulina no dia seguinte.