Relação Entre Ansiedade e Autoconfiança: Análise das Percepções dos árbitros de Esportes de Invasão
Por G. L. Isler (Autor), J. A. M. D. Santos (Autor), D. C. Briani (Autor), V. Oliveira (Autor).
Resumo
A ansiedade e, em destaque, a autoconfiança podem interferir diretamente na atuação dos árbitros em uma partida esportiva, em especial nas modalidades estudadas neste trabalho. Relacionado a isso, a arbitragem pode se tornar um dos aspectos mais polêmicos e controversos em competições esportivas, sendo diversas vezes citada por alguns atletas e técnicos como responsável por seus insucessos e como fonte de "estresse" e ansiedade, antes, durante e após os jogos. Diante destas afirmações, o objetivo do presente estudo foi analisar e comparar os níveis de ansiedade-estado, cognitiva e somática, e de autoconfiança de árbitros de diferentes modalidades esportivas de invasão. Participaram do estudo 44 árbitros, divididos entre as modalidades de: futebol de campo, futsal, handebol e basquetebol. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico, destinado a coletar informações pessoais sobre os entrevistados, e o CSAI-2 (Competitive State Anxiety Inventory - 2), utilizado para medir o nível de ansiedade-estado (somática e cognitiva) e a autoconfiança. A análise dos dados seguiu o protocolo do instrumento e a metodologia qualitativa, sendo amparada pela Frequência Acumulada Percentual, a qual facilitou a apresentação, interpretação e análise dos dados. Como resultado encontrou-se que todos os participantes perceberam níveis considerados baixos de ansiedade cognitiva e somática, os quais construíram uma relação negativa com os níveis de autoconfiança, que se demonstraram elevados. Os níveis de autoconfiança demonstraram uma relação positiva com a média de idade e a média de tempo de atuação dos árbitros, como no caso dos árbitros do basquetebol e do futsal. No entanto, os níveis de ansiedade cognitiva e somática apresentaram-se mais baixos nos árbitros de handebol, que, em comparação aos outros, eram mais jovens (M=25 anos) e tinham menor tempo de atuação (M=6,14 anos), provavelmente se relacionando a uma maior percepção de competência e preparação adequada destes para as competições. Diante disso, pode-se considerar que os participantes estão em condições adequadas, quanto aos níveis de ansiedade e autoconfiança, para atuar em suas respectivas modalidades. Apesar dos participantes terem apresentado níveis considerados elevados de autoconfiança, em comparação aos baixos níveis de ansiedade, não se identificou uma relação direta e positiva entre a ansiedade, cognitiva e somática, e a autoconfiança dos envolvidos no estudo, pois aqueles que apresentaram menores níveis de ansiedade não demonstraram os maiores níveis de autoconfiança. Devido ao número de participantes e as particularidades da pesquisa cabe destacar a importância de não generalização destes dados.