Resumo

Mudanças comportamentais associadas a hábitos alimentares inadequados e à redução da prática de atividade física (AF) têm contribuído para elevação do peso corporal, afetando todas as faixas etárias, inclusive a pediátrica. A condição de sobrepeso/obesidade é reflexo de aumento de medidas corporais, além de parecer ocorrer concomitantemente à ocorrência de hipertensão arterial (HA), comprometendo, assim, a saúde dos indivíduos e levando a uma maior propensão a outras doenças. Ademais, quando ocorre na infância, pode perdurar até a vida adulta. Nesse sentido, torna-se importante analisar potenciais estratégias que possam controlar/reduzir fatores de risco relacionados à obesidade, como prática regular de AF e incrementos nos níveis de aptidão cardiorrespiratória (ApC). Diante disso, o objetivo geral da presente dissertação foi investigar como as variáveis de “proteção” (AF e ApC) se associam com “fatores de risco” [composição corporal (CC) e HA] em crianças dos 6 aos 10 anos de idade, contemplando dois estudos. No estudo 1 foi realizada uma revisão de literatura sistemática sobre a associação entre tais variáveis, elaborada de acordo com as recomendações da estratégia PRISMA. A amostra foi composta por 17 artigos, os quais mostraram, em geral, relação inversa entre “variáveis de proteção” e “fatores de risco”, sendo a relação da ApC com fatores de risco mais expressiva, em comparação à AF, reforçando a premissa do trabalho da ApC, concomitante à AF, visto que ambas são variáveis relacionadas. No estudo 2, a amostra foi composta por 163 crianças (69 meninas; 6-10 anos) as quais foram submetidas à avaliações de: medidas antropométricas, para estimar o índice de massa corporal (IMC), perímetro da cintura (PC), relação cintura-estatura (RCE), percentual de gordura corporal (%GC); de pressão arterial (PA), através de monitor automático; de AF, mensurada através de pedômetro; e de ApC avaliada por meio do teste de corrida/caminhada de 6 minutos do PROESP-BR. A normalidade dos dados foi verificada através do teste Kolmogorov-Smirnov; a relação entre “variáveis de proteção” e “fatores de risco” foi analisada pelas correlações de Pearson e Sperman, de acordo com a normalidade das variáveis; ANOVA de 1 fator foi utilizada para verificar diferenças entre grupos do estado nutricional consoante PA e também para analisar os grupos da variável “proteção” (AF e ApC, de forma unificada) com relação aos “fatores de risco”. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS 22.0. Os resultados demonstram diferenças significativas entre os sexos para %GC e ApC (p<0,05). A AF (de fim de semana e média total) se correlacionou positivamente com PA e a ApC se correlacionou inversamente com indicadores da CC. Crianças com valores mais altos de IMC apresentaram PA sistólica e diastólica maior em comparação a seus pares com valores de IMC mais baixos. Por fim, crianças na zona de risco para ApC apresentaram maiores valores de indicadores de risco, em comparação a crianças classificadas como “zona sem risco e inativo” e na “zona sem risco e ativo”. Desta forma, o presente estudo fornece evidências de que AF e ApC exercem, de forma unificada, papel relevante na atenuação de efeitos deletérios da obesidade e, consequentemente, em valores de PA.


 

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