Resumo

Introdução: Evidências recentes sugerem que uma maior disponibilidade de L-arginina no plasma promove um aumento na produção de óxido nítrico, uma molécula capaz de regular numerosos processos fisiológicos durante repouso e esforço físico em humanos. A suplementação com L-citrulina parece aumentar a disponibilidade de L-arginina plasmática, explicando, ao menos parcialmente, melhorias ocorridas na capacidade para realizar exercício físico. Tal hipótese, todavia, permanece inexplorada até o presente momento. Objetivo: Examinar a relação entre mudanças nas concentrações plasmáticas de L-arginina após suplementação de L-citrulina e performance durante exercício físico incremental, máximo, em humanos. Métodos: Participaram 9 homens, fisicamente ativos (idade média 26 ± 5,5 anos; estatura 178 ± 6,1 cm; peso corporal 80 ± 7,8 kg; V̇O2max 3571 ± 393 mL.min-1), aparentemente saudáveis, livres de distúrbios metabólico, cardiorrespiratório e osteomuscular. Usando um delineamento crossover, randômico, e duplo cego, cada participante visitou o laboratório em sete ocasiões. Na sessão 1, um screening médico, coleta de dados antropométricos, e familiarização foi realizado. Nas sessões 2-7, testes com cargas incrementais (carga inicial 20W e incrementos 20W.min-1), tipo rampa, até exaustão volitiva, foram realizados em ciclo ergômetro (Lode Excalibur Sport). Cada teste incremental foi precedido (-90 min) pela ingestão de 6 g placebo (maltodextrina), 6 g L-citrulina (CIT6), ou 12 g L-citrulina (CIT12). Por fim, amostras de sangue foram coletadas antes (-90 min) e após (-5 min) ingestão da substância para quantificar a concentração plasmática de L-arginina (nmol/mL) via cromatografia de aminoácidos quantitativa. Resultados: Testes de correlação produto momento de Pearson revelaram que mudanças nas concentrações plasmáticas de L-arginina (Δ pós vs pré-ingestão, 1,7 ± 4,8 nmol/mL, 74,9 ± 24,5 nmol/mL, e 107,0 ± 9,3 nmol/mL, para placebo, CIT6, e CIT12, respectivamente) não foram significativamente correlacionadas com ambos os indicadores de performance, potência máxima (r = 0,28, r = -0,36, e r = 0,07) e tempo até a exaustão (r = 0,27, r = -0,33, e r = -0,14), respectivamente para placebo, CIT6, e CIT12 (P > 0,05). Todavia, quando os dados foram agrupados, independentemente de sua condição experimental, mudanças nas concentrações plasmáticas de L-arginina foram significativamente correlacionadas com ambos os indicadores de performance, potência máxima (r = 0,54, P < 0,01) e tempo até a exaustão (r = -0,54, P < 0,01). Conclusões: Os resultados deste estudo sugerem que mudanças nas concentrações plasmáticas de L-arginina após suplementação de L-citrulina estão relacionadas com melhorias na capacidade de realizar exercício físico em humanos.

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