Resumo

O objetivo do presente estudo foi analisar o comportamento de 15 variáveis cinemáticas (tempo de passada, tempo de suporte, tempo de balanço, comprimento de passada, comprimento de passada relativo, freqüência de passada, ângulos do joelho e tornozelo no foot strike e no take-off, máxima flexão do tronco e máxima flexão do joelho na fase de suporte, amplitude angular do cotovelo durante a passada, máxima pronação da parte posterior do pé e amplitude vertical do centro de massa) e 8 variáveis neuromusculares (ativação elétrica muscular do reto femoral, vasto lateral, semitendinoso e bíceps femoral - porção curta – nas fases de suporte e balanço) da corrida, correlacionando-as com a economia de corrida (ECO). Dezesseis homens (idade: 27+1 anos; consumo máximo de oxigênio (VO2máx): 56,4+4,8 ml.kg-1.min), corredores fundistas com experiência em provas de 10.000 metros, realizaram um teste submáximo de corrida em esteira rolante na velocidade de 16 km.h-1 correspondente a uma intensidade média de 10,7% abaixo do limiar anaeróbio (LA) e a uma velocidade média de 11,1% abaixo da velocidade no LA. Foi utilizado um ergoespirômetro portátil para registro do consumo submáximo de oxigênio (VO2submáx) e para o registro das variáveis cinemáticas e neuromusculares da corrida, um sistema de captura de vídeo composto de duas filmadoras digitais de 120 Hz e um eletromiógrafo portátil de quatro canais com freqüência de amostragem de 2000 Hz por canal. O valor de ECO correspondeu à média do VO2submáx nos últimos dois minutos de teste, num total de seis minutos. A magnitude das variáveis cinemáticas e neuromusculares foram determinadas a partir da média de três ciclos de passada contabilizadas a partir da terceira passada do quarto minuto de teste. Foi feita a análise descritiva e aplicados os testes de Normalidade, Correlação Produto Momento de Pearson e Regressão Linear Múltipla. Verificaram-se relações diretas (+) e inversas (-) das variáveis cinemáticas (freqüência de passada (-28,3%), comprimento de passada (+23,0%), ângulo do joelho no foot strike (-12,7%), amplitude vertical do centro de massa (-7,2%), amplitude angular do cotovelo durante a passada (+5,6%), tempo de balanço (+3,2%), ângulo do tornozelo no foot strike (-0,6%) e comprimento de passada relativo (+0,4%)) com a ECO, totalizando 81%, e relações das variáveis neuromusculares (ativação elétrica muscular do semitendinoso na fase de suporte (+11,3%), do reto femoral (-4,3%) e do semitendinoso (+3,4%) na fase de balanço) com a ECO, totalizando 19%. Portanto, mudanças na técnica de corrida e na ativação elétrica muscular podem resultar em mudanças na ECO em corredores de 10.000 metros, que estejam se exercitando a uma intensidade próxima de 10% abaixo do LA.

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