Resumo

O teste de Potência Crítica (PC) tem sido muito usado nos últimos anos, e vários estudos vêm buscando compreender o real significado fisiológico de seus índices aeróbio e anaeróbio. Testes realizados até exaustão na intensidade do índice aeróbio obtido por esse modelo de PC foram realizados, entretanto, as variáveis fisiológicas medidas durante os esforços não se mantiveram em estado estável, além dos sujeitos não suportarem longos períodos de tempo, como seria esperado. Como ainda não há um consenso sobre as variáveis fisiológicas que determinam o tempo de exercício na intensidade da PC, outras variáveis, como, por exemplo, variáveis morfofisiológicas que sejam capazes de predizê-la, tornam-se importantes para o melhor entendimento de seu significado. Dessa forma, os objetivos do presente estudo foram: (1) verificar o tempo de tolerância na intensidade de 100% da Carga Crítica (Ccrit) individual, e (2) verificar se os parâmetros morfofisiológicos têm alguma relação com o desempenho e o tempo de tolerância na natação. Vinte ratos machos da linhagem Wistar, previamente adaptados ao exercício de natação, foram submetidos a testes preditivos para o cálculo da Ccrit e da capacidade de nado anaeróbio (CNA), pela equação não- linear, e subsequentemente, foram submetidos a exercício suportando 100% da Ccrit até a exaustão. Vinte e quatro horas após o exercício, os animais foram anestesiados para a coleta de sangue e tecidos para posterior análise de hematócrito, contagem de hemácias, relação capilar/fibra, área transversal da fibra muscular do sóleo e do gastrocnêmio, tipagem de fibra e atividade da citrato sintase. Os resultados mostraram que os valores de Ccrit variaram de 3,7 a 7,1% do peso corporal, enquanto que o tempo de tolerância variou entre 350 e 2853 segundos. Foram encontradas fortes correlações entre os próprios indicadores (Ccrit, CNA e tempo de tolerância), sendo que todos atingiram significância estatística (P < 0,05). A Ccrit e o tempo de tolerância se correlacionaram com a porcentagem de fibras oxidativas (r = 0,473; P = 0,035 e r = - 0,473; P = 0,035, respectivamente) e com a porcentagem de fibras glicolíticas (r = - 0,590; P = 0,006 e r = 0,590; P = 0,006, respectivamente). A CNA apresentou correlação moderada com a porcentagem de fibras glicolíticas, porém não significante (r = 0,41; P = 0,1654). Somente o tempo de tolerância se correlacionou com a área média das fibras do músculo sóleo (r = 0,569; P = 0,009). As demais variáveis apresentaram correlações fracas com a Ccrit e o tempo de tolerância. A partir dos resultados, pode-se concluir que o modelo de Ccrit para natação em ratos deve ser usado com cautela, uma vez que parece não estimar a intensidade do limiar anaeróbio. Além disso, as correlações com as variáveis morfofisiológicas indicam que nenhuma delas pode explicar sozinha o desempenho na intensidade da Ccrit. 

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