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INTRODUÇÃO:

O salto vertical ocorre em diversos desportos e em algumas modalidades como o voleibol e ele é um fator decisivo na performance, permitindo que o jogador execute o saque em suspensão, o bloqueio, a cortada, o levantamento e pratique ações defensivas quando necessário. O excelente salto vertical do voleibolista depende da força e da velocidade dos membros inferiores, ou seja, a potência. Porém, não se pode esquecer que a boa técnica desportiva também otimiza a altura do salto. A altura da impulsão vertical obedece a 2ª Lei de Newton da inércia (a força (F) é igual à massa (m) vezes a aceleração (a)). Neste sentido, a magnitude da força se relaciona diretamente com a magnitude da massa. Esse relacionamento é linear apenas no início, quando a força e a massa do objeto em movimento aumentam, pois uma elevação contínua da massa não resultará necessariamente em um igual aumento da força aplicada.

Deste modo, na tentativa de comprovar a hipótese de que quanto maior a massa maior os níveis de impactos durante a aterrissagem na cortada no voleibol, este estudo do tipo exploratório teve como objetivo caracterizar as magnitudes de impacto das cortadas e verificar a relação entre a massa corporal e a magnitude dos respectivos impactos.


 METODOLOGIA:

Participaram do estudo 14 atletas masculinos de uma equipe amadora, com médias de idade 23,8 ± 2,9 anos com coeficiente de variação de 12 %. Os atletas foram selecionados de forma intencional, sendo o critério de seleção estar praticando voleibol há pelo menos dois anos. Para medir os impactos resultantes das colisões dos membros inferiores dos atletas com o solo, foi utilizado um acelerômetro triaxial do tipo 4321 da Brüel & Kjaer, com capacidade máxima de choque de 1000 g (aceleração da gravidade). O acelerômetro era fixado no joelho do atleta (sobre a articulação tibio-femural da perna dominante) com fita elástica, de forma a não limitar o movimento, sendo que a orientação dos eixos (x, y, z) foram respectivamente, vertical, lateral e antero-posterior. Foram coletados 10 eventos por atleta em ambiente laboratorial, onde as condições em termos de espaço de deslocamento, altura de rede, levantamento e a cortada propriamente dita foram preparadas possibilitando um ambiente mais próximo da realidade de treinamento. Os atletas foram orientados para iniciar o movimento concomitantemente com o comando para a aquisição dos dados que era realizada por meio de um PC munido do programa SAD 32® (1977), com tempo de aquisição de 5s, sendo o tempo de repouso entre um evento e outra de 1 min. Os dados foram tratados com estatística descritiva (média, desvio padrão e coeficiente de variação) e inferencial (correlação de Pearson).


 RESULTADOS:

Os sujeitos do estudo apresentaram média de massa corporal de 81,3 ± 9 Kg, com coeficiente de variação de 11%. Quanto as magnitudes, apresentaram média de impacto de 44,88 + 24,28 g e coeficiente de variação de 54% para o eixo vertical (x); 39,93 + 23,55 g e coeficiente de variação de 59% para o eixo lateral (y); 87,88 + 49,82 g e coeficiente de variação de 57% para o eixo antero-posterior (z). As correlações encontradas entre a magnitude do impacto e a massa de cada atleta foram de r=0,31 para o eixo vertical (x); r=0,19 para o eixo lateral (y) e r=0,54 para o eixo ântero-posterior (z).


CONCLUSÕES:

Com base nos resultados assim como no referencial teórico, concluiu-se que as maiores magnitudes de impacto foram encontradas no eixo antero-posterior. Este fato ocorre devido à intensa anteflexão dos joelhos dos atletas no momento do impacto para amortecer os efeitos da queda, tendo em vista que o acelerômetro foi fixado no joelho. Como não houve correlação significativa entre a massa dos sujeitos e as magnitudes de impacto sofridas pelos mesmos e, apesar da altura dos saltos não ter sido controlada, pode-se deduzir que o grupo apresenta um bom domínio da técnica de amortecimento das cortadas no voleibol.