Relação entre o número de ondas surfadas e o desempenho competitivo em baterias do circuito brasileiro de surf 2023
Por Pedro Caetano Souza (Autor), Kaio Martins Hamad (Autor), Ricardo Luís Fernandes Guerra (Autor), Marcel Fernandes Dos Santos (Autor), Carlos Fábio Alves Martins (Autor).
Em 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
A análise da atividade competitiva de surfistas ainda é um campo pouco explorado na literatura científica. Estudos utilizando monitoramento por GPS revelaram que a maior parte do tempo da prática do surfe é gasta em atividades como remar e esperar pelas ondas. Surpreendentemente, em competições, apenas 6 a 8% do tempo é efetivamente dedicado à execução de manobras nas ondas. A relação entre a quantidade de ondas surfadas numa bateria e seu impacto sobre o resultado é desconhecida. O presente estudo teve o objetivo de investigar se os atletas que surfaram mais ondas nas baterias são os que conseguiram avançar para a próxima fase da competição; além disso, analisar se os atletas que receberam as maiores pontuações são aqueles que surfaram mais ondas nas baterias em relação aos adversários que surfaram menos ondas nas baterias. Durante uma etapa do circuito brasileiro de base da Cbsurf, realizada na cidade de Porto de Galinhas (PE) em 2023, foram analisadas 40 baterias, das quartas de finais em diante, das categorias Sub 18, 16 e 14 masculino e feminino. Foram coletadas as informações referentes ao nº de ondas surfadas por cada atleta em cada bateria e os respectivos somatórios de notas. Foram realizados 2 testes t de duas amostras independentes para verificar: a) a diferença entre o nº de ondas surfadas dos que avançaram baterias em relação aos que não avançaram baterias; b) a diferença no Somatório de notas dos que pegaram mais ondas na bateria em relação aos que pegaram menos ondas na bateria. A análise estatística foi realizada por meio do programa SPSS versão 27 (Windows 10), considerando um nível de significância de p ≤ 0,05. Não foram encontradas diferenças significativas entre o nº de ondas surfadas dos que avançaram (5,93±1,8 ondas) em relação aos que não avançaram (5,57±1,6 ondas). No entanto, foi identificado que o Somatório do grupo de atletas que pegou mais foi maior do que o do grupo dos que pegou menos ondas nas baterias, especialmente na categoria Sub 18 masculino. Os resultados apontam uma tendência no sentido de que pegar mais ondas pode levar ao êxito na bateria pois com uma maior atividade aumentam-se as chances de pontuar. Entretanto, o tamanho do efeito dessa diferença é pequeno, exceto para o Sub 18 masculino indicando que outros fatores podem impactar mais precisamente no desempenho, por exemplo a execução de manobras de alto grau de dificuldade, revelando que aspectos técnicos táticos podem ser mais importantes do que o número de ondas surfadas.