Relação entre qualidade do sono, alimentação, saúde mental, atividade física e comportamento sedentário em adolescentes: uma perspectiva complexa
Por José Ywgne Vieira do Nascimento (Autor), Mabliny Thuany Gonzaga Santos (Autor), Ingrid Kelly Alves dos Santos Pinheiro (Autor), Cayo Vinnycius Pereira Lima (Autor), Kleberton Carlos Silva Magalhães (Autor), Leonardo Gomes de Oliveira Luz (Autor), Enio Ricardo Vaz Ronque (Autor).
Em IX Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
A relação entre sono, saúde mental, atividade física (AF), comportamento sedentário (CS) e alimentação estão bem estabelecidas na literatura. Entretanto, poucos estudos analisaram a relação complexa existente entre esses diferentes fatores e a qualidade do sono em adolescentes. OBJETIVO: Analisar a relação complexa entre o sono, a alimentação, a saúde mental, os domínios da AF e o CS em adolescentes. MÉTODOS: Este é um estudo transversal, realizado com 1.138 adolescentes de 10 a 16 anos (55,3% meninas), participantes do projeto "Prevalência de síndrome metabólica e fatores de risco cardiovascular em escolares de Londrina/PR", realizado em 2011. A frequência de sono satisfatório (nunca, poucas vezes, quase sempre, sempre) foi obtida por autorrelato. A AF (ocupacional, esporte e lazer) foi mensurada através do questionário de Baecke et al., considerando um score total (continuo). Para CS considerou-se a média ponderada do tempo de TV e uso do videogame em um dia da semana e um dia do fim de semana. O consumo semanal de frutas, vegetais, salgados e doces (nenhum, um a três, quatro a seis ou sete dias) foi utilizado como indicador de alimentação. A sensação de estresse (raramente estressado, às vezes, quase sempre, sempre) e a frequência que se sentiu triste (nunca, poucas vezes, quase sempre, sempre) foram utilizadas como indicador da saúde mental. A análise de redes foi estimada através do parâmetro EBIC (0.25), estratificadas pelo sexo. Os resultados da análise foram apresentados através da matriz de peso. Foi utilizado o software JASP 16.1. RESULTADOS: Uma melhor qualidade do sono esteve associada ao consumo de vegetais em ambos os sexos (meninos: 0,101; meninas: 0,013). Adolescentes que relataram pior percepção em relação à qualidade do sono relataram sentirem-se mais tristes (meninos: -0,033; meninas: -0,137) e estressados (meninos: -0,073; meninas: -0,026). Contudo, meninas que se sentiram mais estressadas e tristes praticaram mais atividade física ocupacional (0,046; 0,096, respectivamente) e apresentam maior tempo em CS (0,26; 0,20, respectivamente), enquanto aquelas que relataram maior estresse praticam menos AF de lazer (-0,010). Meninos mais estressados praticaram mais AF ocupacional (0,118) e tiveram um maior CS (0,052). CONCLUSÃO: A qualidade do sono em adolescentes está relacionada a alimentação e sensação de estresse. Diferenças entre os sexos indicam a necessidade de intervenções especificas para os grupos.