Resumo
A Imagem Corporal é dinâmica, estruturada nas experiências singulares do sujeito. Tanto homens quanto mulheres podem sofrer alterações na forma de vivenciar seu corpo. O objetivo desta pesquisa foi ampliar a compreensão das relações de causalidade entre apreciação corporal, ansiedade físico social, desconforto em relação ao corpo masculino ideal, atitudes e comportamentos de busca pela musculatura numa amostra de homens Brasileiros jovens. Para isso, traduzimos, adaptamos transculturalmente e validamos para a língua portuguesa no Brasil as escalas Body Esteem Scale, Swansea Muscularity Attitudes Questionnaire, Drive for Muscularity Scale, Body Appreciation Scale, Social Physique Anxiety Scale e Masculine Body Ideal Distress Scale. Depois, fizemos a path analysis do modelo estrutural de relações entre os domínios das escalas validadas. A pesquisa compreendeu quatro fases: a de tradução e adaptação transcultural das escalas; a de validação psicométrica das escalas, a realização de grupo focal e a modelagem de equações estruturais para determinar as relações causais entre os construtos investigados. O processo de tradução e adaptação transcultural seguiu cinco passos: traduções das escalas, síntese das traduções, retrotraduções, reunião de Comitê de Peritos e Pré-teste. Através da análise fatorial confirmatória, numa amostra não probabilística de 878 homens jovens, foram estabelecidas evidências de validade de construto e confiabilidade interna para todas as seis escalas deste estudo. Nos dois mini grupos focais, realizados com duas amostras de 5 alunos de graduação do curso de educação física, foi possível constatar que a aparência tem uma importância grande, que o exercícios físicos, alimentação balanceada acompanhada de suplementação alimentar, quando necessário, e descanso são os comportamentos adotados e reconhecidos como adequados para a construção de um corpo musculoso. O corpo deve ser musculoso o bastante, pois o excesso de massa muscular é avaliado ambiguamente: tanto é valorizado por sua associação aos atributos de masculinidade quanto é desvalorizado por sua associação ao uso de recursos não lícitos para a construção da musculatura. A modelagem de equação estrutural, feita numa amostra não probabilística de 1202 homens jovens, indicou que o modelo que melhor explica as relações de causalidade entre as dimensões da Imagem Corporal e que melhor demonstra o efeito destas sobre Drive for Muscularity é o que estabelece como variável exógena o construto Apreciação Corporal com todas as demais variáveis tendo efeito sobre Drive for Muscularity. Pesquisas futuras precisam investigar outros elementos influenciadores de Drive for Muscularity. Ressaltamos que esta pesquisa é de natureza exploratória, não probabilística, sendo esta uma limitação. Todavia, pensamos que os achados podem trazer contribuições à área e à continuidade dos estudos, assim como um melhor entendimento do construto Drive for Muscularity para homens comuns.