Resumo

Introdução: O efeito do potencial genético na atuação motora tem ganhado destaque na Educação Física e no Esporte. São conhecidas interações do êxito esportivo com indicadores biológicos de rendimento (IBR), dentre eles a razão entre o segundo e quarto dedo (R2D:4D) e as corrugações dermo-papilares dígito-palmares. Sabendo que lutadores de alto nível têm aptidão física (ApF) acima da média e configuração diferenciada das cristas epidérmicas, exploram-se relações entre componentes biológicos e da ApF. Objetivos: Buscou-se, entre praticantes de judô de elite: (1) Registrar as distribuições de variáveis dígito-palmares, a saber: R2D:4D e dermatóglifos, e compará-las aos valores de referência disponíveis; (2) Quantificar o desempenho em avaliações antropométricas, fisiológicas e motoras gerais e específicas; (3) Correlacionar indicadores biológicos de rendimento com capacidades biomotoras. Materiais e Métodos: A partir de estudo observacional transversal, 21 membros titulares e reservas das equipes masculina e feminina, que representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos de Atenas, foram avaliados quanto a respectivos dermatóglifos, antropometria manual e ApF. Os dados são trazidos de modo tabular e gráfico, com medidas descritivas de tendência central e dispersão. O plano analítico identificase por: i) correlação canônica entre IBR e ApF, ii) análise fatorial dos IBR e, iii) regressão múltipla entre os caracteres genéticos eleitos e variáveis selecionadas da ApF. Para todos os procedimentos, o nível de significância adotado foi de 5%. Assinala-se a aprovação do estudo pelos Comitês de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Presbiteriana Mackenzie (protocolo 864/2005) e da Universidade Estadual de Campinas, sob parecer n° 250/2007. Resultados: O grupo, adulto jovem, é prioritariamente descendente de brasileiros e, nos padrões digitais, portam percentual de verticilos superior a 40%. Dentre as medidas dos IBR, para homens e mulheres se constatou, respectivamente, mediana de 144 e 97 linhas para o TRC, índice de ulnaridade de 0,73 em ambos os lados neles e de 0,78 a 0,80 nelas. Para a R2D:4D, a média encontrada para os dois hemicorpos foi 0,938±0,02 no masculino e 0,975±0,02 no feminino, e, junta a outros IBR, é diferente (p<0,05) das informações de base populacional. Na ApF, eles exibem 12,45%, ao passo que elas, 18,05% de gordura corporal, a força isométrica de preensão manual foi maior que 50 kgf nos primeiros e de 40 kgf nas mulheres, VO2max de 48,28 e 47,2 ml·kg-1·min-1, no teste de Wingate para membros superiores, potência pico relativa de 6,86 W/Kg e 5 W/Kg, por fim, no Special Judo Fitness Test, índices de 12,09 e 13,03, respectivamente. Obteve-se correlação significante entre os conjuntos de IBR e ApF (r= 0,999, p<0,05). Na análise fatorial, com estruturação de três componentes se explicou quase 70% da variância dos IBR e, nos modelos de regressão múltipla, 54% do desempenho do salto vertical pôde ser estimado por IBR identificados previamente. Conclusões: Os marcadores genéticos apresentam valores diferentes dos populacionais e a ApF é semelhante a de outros competidores de elite. Na perspectiva multivariada, ambas as séries de dados se mostraram relacionadas, alguns caracteres hereditários são mais relevantes na análise discriminante e podem, nas condições estudadas, predizer a performance dos atletas 

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