Resumo
O presente estudo teve como objetivo estudar o trabalho docente de professores na Educação Infantil. Desse modo, busquei compreender como os homens se constituem como docentes na educação das crianças de zero a seis anos – profissão caracterizada como “tipicamente feminina”. Em um primeiro momento apresento os aspectos teórico-metodológicos da tese, assinalando a opção por uma perspectiva sócioantropológica. Posteriormente, levando em conta essa perspectiva, explico e conceituo a categoria central do estudo: relações de gênero, entendendo as mesmas como uma construção social pelas quais é possível compreender como hierarquia, diferença e poder se moldam, conformam, instalam e atuam nas identidades e nos espaços institucionais. Em seguida, apresento as trajetórias profissionais e narrativas dos professores atuantes e daqueles que desistiram da docência. Como possibilidade indicada pelos estudos de gênero, problematizo o cuidado/educação considerado princípio indissociável na Educação Infantil, partindo do pressuposto de que o corpo está no cerne do debate acerca dos cuidados na infância menor. Por último, discuto outros elementos que permitiram problematizar o trabalho docente na educação infantil, dentre eles o corpo, a sexualidade, a brincadeira e o movimento. A pesquisa possibilitou compreender que o trabalho docente na educação das crianças de zero a seis anos está permeado por questões que envolvem as masculinidades e as feminilidades. Ademais, verificou-se que a concepção de profissão feminina precisa ser repensada porque qualquer noção sobre as mulheres implica necessariamente suas relações com os homens. Na creche, é possível desenvolver ações que contribuam para superar muitos binarismos como público e privado, masculino e feminino, corpo e mente, entre outros. Para isso, é necessário implementar mudanças na formação docente, conquanto não se possa perder de vista suas limitações no que tange a esse intento.