Relato das práticas de gestão estratégicas de uma entidade de prática desportiva (EPD) para captação de investimentos para o esporte educacional

Por Luis Henrique Torquato Vanucci (Autor),

Parte de Boas Práticas na Educação Física Catarinense 2016 . páginas 58 - 71

Resumo

O cenário esportivo no Brasil nunca foi tão favorável. O país nunca esteve em uma posição tão eminente no cenário esportivo mundial. Os chamados “megaeventos” esportivos, como a Copa do Mundo FIFA, que foi realizada durante os meses de junho e julho de 2014 e as Olimpíadas Rio 2016, que acontecerão no Rio de Janeiro neste mesmo ano, são vitrines do Brasil em meios de comunicação do mundo todo. Segundo a pesquisa “Brasil, bola da vez”, realizada pela Deloitte e pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), ao hospedar um grande evento, o país pode experimentar uma ampla gama de temas e atividades que não vivencia em tempos normais (DELOITTE; IBRI, 2010). A realização desses eventos promove, também, a colaboração entre o setor público e privado e entre estes e as comunidades envolvidas, proporcionando benefícios e transformações de longo prazo. A mesma pesquisa mencionada acima mostra que a estimativa de investimento em projetos indiretamente relacionados aos eventos também é uma realidade: nas cidades-sedes das Olimpíadas (Barcelona – 1992; Sidney – 2000; Pequim – 2008; Londres – 2012), os investimentos aplicados de forma “secundária” foram na ordem de 8; 3; 14,3 e 13,7 bilhões de dólares, respectivamente, sendo que esses investimentos se dividem entre setor público e setor privado. Ainda segundo os seus dados (2010), em Barcelona, por exemplo, 61,5% dos investimentos foram do setor público, enquanto 38,5% do setor privado; em Pequim, o setor público investiu 85% e o setor privado, 15%. Além disso, surgem outros exemplos para novas ideias e comportamentos, como a sustentabilidade ambiental, a diversidade e a participação da comunidade. De fato, os megaeventos têm a qualidade de congregar as pessoas em um objetivo comum, assim como de conduzir a realização de programas e projetos que talvez levariam décadas para serem concebidos e concluídos. Entretanto, muitos patrocinadores desses megaeventos atentam-se, naturalmente, aos esportes de rendimento. Um exemplo desse foco das empresas nessa parcela do desporto está nos dados do relatório de gestão do Ministério do Esporte (2014), em que 64% do montante captado para projetos fomentados pela Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) foi destinado para projetos de alto rendimento, sendo o restante, 19% e 17%, destinados a projetos educacionais e de participação, respectivamente. Segundo Matias et al. (2015), destaca-se que a LIE segue as mesmas medidas de incentivos fiscais implementadas para a cultura: Lei Rouanet (Lei nº 8.313/1991) e Lei do Audiovisual (Lei nº 8.685/1993). E, tanto no esporte como na cultura, tais ditames se inserem no processo de “desresponsabilização” do Estado para financiamento e execução das políticas sociais que garantem direitos de cidadania.