Relatório da Comissão de Avaliação do V Enfefe
Por Edmundo de Drummond Alves Junior (Autor).
Em VI EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
Integra
Antes de passar as considerações elaboradas por esta comissão, não podemos deixar de agradecer ao convite e a confiança que a organização do evento depositou em nós. A nossa intenção neste relatório será de apontar alguns fatos e quando possível propostas que foram consideradas pertinentes, tenham elas saídas das nossas observações como também expressas individualmente ou pelo coletivo dos participantes deste V EnFEFE. Esperamos que os pontos por nós considerados como relevantes possam dar subsídios para que os próximos encontros tenham o mesmo brilhantismo dos últimos eventos.
A preocupação da comissão de avaliação foi a de encontrar um meio eficaz que possibilitasse a interação rápida entre o que estava ocorrendo e as percepções dos participantes. Nossa opção foi a de distribuir durante o evento diversas fichas que pudessem registrar o que os participantes percebiam, seja da parte organizacional, material de apoio, palestrantes, temas livre. Num momento final buscamos encaminhar as sugestões inclusive temáticas para os próximos eventos. Sabemos que o retorno a estas indagações num Congresso, nem sempre tem um retorno representativo e muitos acabam deixando de dar a sua preciosa colaboração. Resolvemos que deveríamos sensibilizar os participantes quanto a importância que seria dada às suas respostas, e foi isto o que possibilitou um bom retorno às nossas indagações.
Para concluir com os trabalhos da comissão foi nos oferecida a palavra na mesa da destinada a discutir a avaliação do EnFEFE com os participantes. A nosso ver este foi o ponto principal onde levamos ao público presente o resultado de nossas observações. É de se destacar que mesmo extrapolando os horários previstos houve bastante interesse e foi muito importante a participação dos congressistas. Uma vez encerrada nossa fala foi passada a palavra aos presentes para as considerações que se achassem necessárias.
Principais observações dos membros da comissão
Como primeiro ponto a se considerar, é que o evento se destaca pela grande procura dos interessados em participar das discussões sobre educação física escolar. Chegou-se a quase 500 inscritos, o que de certa forma surpreendeu os organizadores. Certamente isto demonstra que o evento está se consolidando como um dos mais importantes encontros de educação física escolar do estado do Rio de Janeiro. Entretanto ao fugir das previsões, certamente impossibilitou um melhor e mais adequado atendimento aos que queriam se inscrever no evento.
Destacamos o compromisso dos organizadores do EnFEFE com a gratuidade do evento e o envolvimento de todos os professores do setor de Pós graduação da UFF, além dos professores Egidio, Martha, Aurélio e Ana Beatriz que também pertencem ao Departamento de Educação Física (GEF). A comissão parabeniza a importância que é dada pelos professores da Comissão Organizadora do Encontro à Universidade pública. Frisa como fundamental a perseverança deste grupo na luta de manter as características do EnFEFE, que é a nosso ver um exemplo de resistência aos projetos de sucateamento da Universidade pública.
Na contramão da política neo liberal, ainda hegemônica em nosso pais, os organizadores do evento sabem muito bem que estão abertas todas as portas na Universidade para a privatização, onde encontramos diversas possibilidades para escamotear esta privatização. Até o momento o EnFEFE e o GEF, tem se mostrado radicalmente contrários a todas iniciativas do rompimento com os compromissos da universidade pública. Por este motivo não é difícil imaginar as diversas dificuldades encontradas pelo setor de pós graduação para bancar um evento desta natureza.
A Comissão destaca a presença do Reitor da Universidade na cerimônia de abertura, fato que ocorreu pela primeira vez na história do EnFEFE, que esperamos possa ser um sinal de reconhecimento à iniciativa do GEF. Quanto a isto, veremos no próximo EnFEFE se as dificuldades encontradas foram melhor equacionadas.
Foi fundamental a participação de algumas pessoas que se predispuseram a auxiliar os organizadores e isto certamente confirma a perfeita sintonia tanto dos alunos que freqüentam o Curso de Educação Física Escolar do GEF como os funcionários da secretaria com a proposta de EnFEFE. Os alunos do Curso prontamente se comprometeram em auxiliar na organização do evento, muitos destes abdicando de poderem assistir com tranqüilidade as palestras que mais os interessava.
A Comissão lamenta que no momento das perguntas encaminhadas aos palestrantes, e isto já começou a ocorrer desde a de abertura, os questionadores deixaram de fazer uma apresentação pessoal, dizendo de onde vieram e instituição a qual estão ligados. Pelo sotaque pode-se observar que muitos vieram de outras estados o que demonstra que o EnFEFE começa a ultrapassar os limites do Estado do Rio de Janeiro.
Pelas fichas iniciais constatamos um número significativo de acadêmicos. Pareceu-nos muito bem vinda a presença dos acadêmicos que vieram em busca de conhecimentos, e esperamos que mesmo aqueles que vieram para cumprir uma ‘tarefa acadêmica’ solicitada por alguns professores, tenham sido sensibilizados da importância de incluírem o EnFEFE na sua agenda de eventos a participar para o próximo ano.
Alguns dos problemas que ocorreram, anteriores ao evento decorreram destas dificuldades por que passam a Universidade pública. Mas sem querer alongar ou esgotar o assunto, podemos citar: o envio dos folders (via mala direta), que não foi feito a tempo, impossibilitando que mais trabalhos fossem inscritos; a carência de recursos materiais e financeiros disponíveis para a realização do evento. Entretanto, mesmo com todas as dificuldades conseguiu-se sensibilizar diversos setores da universidade que contribuíram com o mínimo necessário para fazer o evento acontecer: PROEX, CEG, ASCON entre outros.
Até o evento passado, as inscrições transcorriam com certa facilidade. Sem nenhum problema elas poderiam ser feitas até no dia do evento, pois não havia excesso de pré inscrições. De maneira semelhante esperava-se que o mesmo ocorresse desta vez, sendo inclusive divulgado pela Internet, por telefone ou mesmo folders, que as inscrições poderiam ser feitas na hora. Os organizadores do encontro deste ano previam um número final de inscritos que não deveria superar 400. No entanto este número foi superado com alguma antecedência, verificado através das pré inscrições que estavam sendo realizadas na sede do GEF. A intenção era de atender a todos da mesma forma, mas havia um limitador, o numero de lugares que podíamos receber com segurança no auditório, a quantidade de material e diplomas que se tinha a disposição. Ao se aproximar da data do EnFEFE, configurava-se um problema, logo detectado mas não previsto, entre as diversas pré inscrições, algumas estavam sendo feitas por terceiros. Surgiram professores inscrevendo turmas inteiras de alunos da graduação, tanto com a finalidade de cumprimento de tarefa escolar como com a intenção de adquirir e trocar conhecimentos. Quando a comissão organizadora interveio o problema já estava delineado e muitos foram considerados pré inscritos, ficando a confirmação para o credenciamento. Neste credenciamento que foi feito um pouco tempo antes da abertura buscou-se contornar o problema dando chance aos que não se submeteram a pré inscrição de se credenciarem no lugar dos faltosos. Contudo pelas dificuldades operacionais isto ficou limitado até o início da abertura, não podendo ser dada chance aos possíveis atrasados.
Ao final do evento pode-se detectar que destes pré inscritos diversos não compareceram, o que é de lamentar, pois de certa forma estes ausentes bloquearam a abertura de novas inscrições, causando alguma insatisfação entre algumas pessoas que chegaram na hora do credenciamento e mesmo em outros que chegaram após o horário previsto para o credenciamento mas que foram impossibilitados de se inscrever no evento.
A solução encontrada para resolver o problema das inscrições, como a fila para o atendimento que se formou, causou um certo desconforto e insatisfação de alguns, mas a comissão de avaliação entendeu que com uma certa dose de paciência, logo o problema foi resolvido a contento. Desta forma todos que chegaram entre 8 e 9 horas conseguiram se inscrever, com muito poucos participantes que ficaram sem receber a pasta do Encontro.
A distribuição do tempo destinado aos palestrantes como também para os apresentadores de temas livres foi considerada pela comissão como muito bom, por outro lado, o tempo das mesas redondas poderia ser mais dilatado. As mesas redondas eram compostas por três palestrantes e os temas apresentados suscitaram muitas perguntas que tiveram de ocupar o mesmo tempo para resposta que foi dado aos conferencistas individuais.
As correções que deveriam ser feitas na programação não foram bem compreendidas por alguns participantes, como troca de nomes de palestrantes, numeração das salas, o que causou um pequeno transtorno na volta das atividades após almoço.
A avaliação a partir das informações prestadas pelos participantes
Teremos a partir deste momento apoio nos dados colhidos nas fichas distribuídas, e nas nossas observações que já se iniciaram anteriores ao evento. Como as sugestões foram muitas, a comissão de avaliação decidiu por encaminha-las a comissão organizadora do evento, pois acreditamos merecerem um melhor estudo.
Mesmo considerando que o evento atingiu o seu objetivo e que no geral temos muito mais a festejar do que lamentar, não poderíamos deixar de considerar alguns problemas que já foram por nós apontados anteriormente e que também foi observado em algumas manifestações dos participantes. A pré inscrição como a confirmação num horário restrito e a fila que isto originou propiciou alguns descontentamentos que acreditamos tenham sido superados pela qualidade do evento. A comissão indica que se deva prever como contornar estes problemas para que não se tenha situações semelhantes nos próximos EnFEFES.
Todas as atividades propostas foram individualizadas na avaliação e diversas fichas foram distribuídas para serem preenchidas e entregues sempre após o término de uma atividade. Procurou-se respeitar a especificidade de cada uma delas e as perguntas eram bem específicas.
A primeira ficha distribuída buscava informações sobre quem eram os presentes na abertura do evento. Ela foi preenchida por 264 dos presentes, o que consideramos bastante significativo diante do número de inscritos. Quanto as outras fichas distribuídas, numericamente foram menores, pois se diluíram pela sua especificidade, pois ora poderia ser colhida após uma mesa redonda ou um tema livre e que não permitia a participação de todos os presentes. No final foi passada uma ficha de avaliação geral do evento e solicitava-se sugestões de temas para o próximo EnFEFE.
Na primeira ficha de caráter geral, ficamos sabendo que 133 eram professores e 129 acadêmicos. A distribuição entre os já graduados assim se configurou, 28% não possuem cursos de pós (n= 41) ; 62% possuem um curso de pós com nível de especialistas ou cursam algum Curso Lato Sensu (n= 89), sendo que destes 4 apresentaram trabalhos e 85 buscavam conhecimento; 8% eram mestres ou mestrandos (n= 11), sendo 4 apresentando trabalho e 7 na busca de conhecimento e 2% de Doutores (n= 3), todos apresentando trabalhos.
Ainda com relação aos dados dos professores dos que responderam a ficha, e que já são formados, consideramos como recém formados até 4 anos de formado e estes eram 23% (n= 30); de cinco a dez anos foi outra categoria e contabilizamos 25% (n= 33); a maioria dos participantes parece concentrar-se entre graduados com 11 a 20 anos de formados 40% (n=54), e 12% (n= 16) têm mais de 21 anos de formado.
No caso dos acadêmicos, os que estão até o segundo período foram 10 que atenderam a solicitação de nos dar suas respostas, eles foram 8%, todos em busca de conhecimento, do terceiro ao quinto, passa a ser 30%, dos 39, sendo que 36 estavam em busca de conhecimento e três confessam estar cumprindo tarefa acadêmica; do sexto período em diante dos 80 que responderam, ou seja 62% dos acadêmicos, 31 freqüentaram EnFEFE por cumprimento de tarefa escolar, já 49 participaram pela busca de conhecimento. O fato de se ter alunos participando por obrigação curricular mereceria ser melhor analisado pois isto não quer dizer que eles não aproveitaram o evento ou que os professores que indicaram esta tarefa não tivessem este objetivo.
A comissão também teve a intenção de saber qual foi o meio de comunicação que trouxe os participantes ao EnFEFE. Muitos responderam que o contato foi estabelecido por diversos meios mas um destes meios nos chamou mais atenção. Foi a informação oral que chegou a 160 participantes, 61%; depois foram 56 vieram através da chamada dos cartazes 21%; 34 foram comunicados por intermédio dos folders ou correspondência 13%; como novo veículo de informação 8 tomaram conhecimento através da Internet 3% e finalmente outros 6 pela Imprensa 2%.
Quanto a participação no EnFEFE, a maioria declara estar participando pela primeira vez 161, mas destacam-se alguns fiéis que são os seis professores que participam desde o primeiro EnFEFE, cinco que já participaram de quatro, oito de três e trinta de dois eventos.
Finalizando esta primeira sondagem verificamos que dos 265 que responderam a pergunta que buscava identificar a sua atuação como profissional, 84 (32%) estão atuando na rede de ensino pública e outros 35 (13%) atuam tanto na rede pública quanto na rede particular, 22 (8%) só na rede particular, 61 (23%) estão estagiando na educação física escolar e 63 (24%) não estão no momento atuando na educação física escolar. Acreditamos que estes devam ser os acadêmicos dos primeiros anos de graduação.
A comissão de avaliação decidiu disponibilizar as informações contidas nas demais fichas que avaliava cada tema livre ou palestrantes, diretamente aos responsáveis. Pelo que retivemos destas informações a qualidade do que foi apresentado poucas vezes foi colacado em questão. Um fato interessante foi que tanto os palestrantes e apresentadores de trabalho demonstraram muito interesse em saber o que foi apontado nas avaliações de suas apresentações.
Na avaliação global do evento os que se dispuseram a responder informaram que ficaram muito satisfeitos com o conteúdo do que foi apresentado e como sugestão de temas para o próximo evento o que mais surgiu foi a proposta de se discutir a avaliação na educação física escolar. Outras temáticas também foram encaminhadas e sugestões mais elaboradas, e que foram pela comissão de avaliação consideradas relevantes, foram encaminhadas a Comissão organizadora para uma melhor avaliação.
De uma forma global a nossa avaliação é que o encontro foi um sucesso, atingindo plenamente os seus objetivos. Alguns falarão, poderia ser melhor, mas foi o possível e certamente foi muito mais trabalhoso do que podemos imaginar.
Registros especiais
Diversas pessoas contribuíram, alguns pela própria universidade e outros extra universidade e entre estes, duas colaborações destacamos. Como sempre tem sido muito positivo os serviços prestados e a contribuição da D. Sandra, que em diversas ocasiões, tem colaborado nas atividades do GEF desempenhando funções que extrapolam a sua obrigação. O outro registro foi a brilhante apresentação do Grupo de samba ‘Epistemologia do Ritmo’, que prontamente atendeu a solicitação da organização do evento e apresentou-se no DCE da UFF. Lembramos que neste grupo encontramos professores que vem participando desde do primeiro EnFEFE, seja apresentando trabalhos, participando de mesas redondas etc. A comissão parabeniza os professores Luis Otavio, Carlos Cunha Junior, José Ribamar e Eduardo Xerem além dos outros participantes do grupo.
Conclusão final
Ao finalizar esta avaliação mais uma vez parabenizamos a todos, professores ou não, que diretamente ou indiretamente contribuíram para o sucesso do evento. Esta comissão que se dissolveu no último dia do EnFEFE, aponta para a enorme dificuldade que os colegas do GEF terão para atender a todos que vão querer participar dos próximos eventos, já que limitações são impostas pelo espaço onde é atualmente realizado o EnFEFE. Certamente isto os obrigará a procurar outros espaços, ou então, fatalmente terão de limitar o número dos participantes nos eventos por eles organizados, o que será lamentável levando-se em consideração a qualidade do que sempre é proposto. E finalmente que consigam manter o compromisso com a gratuidade do EnFEFE.
Até 2002.
Obs. O professor Edmundo de Drummond Alves Junior é do Departamento de Educação Física e Desportos da Universidade Federal Fluminense, o professor Guilherme Locks Guimarães é da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e o professor Walmer Chaves é professor das redes municipais de Itaborai e de São Gonçalo.