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Aceitando o convite que nos foi feito, vimos por meio desta avaliação, tentar avaliar o encontro que tratou da própria avaliação: para nós, complexidade da complexidade.

Entendemos que esta é uma prática de suma importância e que não se limita apenas aos dias do evento, mas se inicia no momento em que se encerra o EnFEFE anterior, quando começam então os preparativos do próximo. Nesse sentido sabemos que a avaliação não é feita só por nós, já que essa comissão se formou somente um pouco antes do início do evento, mas por todas as pessoas que desde o fim do encontro anterior começam a construir o próximo. A elas queremos nos juntar para contribuir na construção do VII EnFEFE.

Como no encontro anterior utilizamos fichas distribuídas aos participantes em cada atividade para obter dados que auxiliassem na tarefa de avaliar o evento. Essas fichas, após lidas, foram encaminhadas à Comissão Organizadora (CO) no sentido de ser mais um instrumento para construção do próximo EnFEFE. Além das fichas mantivemos também a mesa de avaliação no final do último dia dos trabalhos, pois entendemos que esta é mais uma oportunidade de trocar as nossas observações com as dos participantes e assim aprimorar ainda mais a avaliação do encontro.

Informações prestadas pelos participantes

As fichas de avaliação distribuídas aos participantes nos permitiram recolher dados significativos.

Através do primeiro questionário, composto de 8 itens, pudemos constatar que, em relação à divulgação, o meio mais amplo foi a comunicação oral feita entre professores perfazendo um total de 72,09%, seguido dos folderes com 16,28%. O conhecimento do evento através de e-mail e da imprensa foi o menos significativo, tendo cada um deles 0,93%. Dentre todos os participantes que responderam o questionário, num total de 215, a maioria, perfazendo um total de 133, participava pela primeira vez do EnFEFE; 59 participaram também do V EnFEFE, 30 desde o IV, 17 do III, 14 do II, e10 participantes estiveram presentes a todos EnFEFEs já realizados.

Em relação à atuação profissional constatamos que 45% dos professores com atuação no magistério fazem parte da rede pública e que 23% atuam na rede privada. Enquanto que 32 % estão fora das duas redes. Isso demonstra que o evento vem atingindo predominantemente os professores da rede pública, já que estes são quase o dobro da rede privada.

O maior índice de procura dos graduados foi o de professores formados dentro do período de 10 a 20 anos com 33,03%, seguido dos formados até 5 anos, 25,00%. Dentre 5 e 10 anos a porcentagem foi de 21,50% e 20,54% com mais de 20 anos de formados.

A participação de acadêmicos correspondeu a quase metade dos participantes que responderam ao questionário (48%), sendo 72,11% deles cursando entre o 6º e 8º período, 24,04% entre o 3º e 5º e 3,85% até o 2º período. Talvez fosse interessante incluir aqui uma pergunta referente a procedência desses acadêmicos, se da rede pública ou privada.

Contamos também com a participação de professores pós-graduados, perfazendo um total de 46, dentre estes, 41 especialistas e 5 mestres.

Em relação aos participantes que se encontram cursando pós-graduação, tivemos os seguintes resultados: 19 especializandos, 2 mestrandos e 2 doutorandos.

A procura por novos conhecimentos foi o motivo que mais estimulou as inscrições, com 75,53% dos inscritos, seguido por tarefa da faculdade com 12,88% e por fim para apresentação de trabalho com 11,59%.

Consultados sobre as palestras realizadas, mesa redonda e temas livres, os resultados foram os seguintes: a palestra do Prof. Tomaz Leite Ribeiro, da Universidade Federal Fluminense, com o título "Avaliação, o que é e para que serve", 72,40% conceituaram como boa, 21,72% regular e 5,88% ruim. A palestra do Prof. Hajime Takeushi Nosaki, da Universidade Federal de Juiz de Fora, intitulada "Avaliação do contexto da educação física brasileira: propostas oficiais e alternativas no campo contra-hegemônico", 76,13% conceituaram como boa, 14,84% regular e 9,03% ruim. A mesa redonda composta pelo Prof. Marco Antonio Santoro Salvador, do Colégio Pedro II e Rede Pública (RJ), pela Profª. Gabriela Aragão Souza Oliveira, da Rede Pública (RJ) e pelas professoras da Rede Pública Municipal de Juiz de Fora (MG): Adriani Silva Tomaz e Carla Cristina Carvalho Pereira, com o tema "Avaliação na disciplina Educação Física no âmbito da Escola", 85,10% conceituaram como boa, 12,76% regular e 2,14% ruim. Os temas livres, 89,51% conceituaram como bom, 8,62% regular e 1,87% ruim.

Análise e interpretação dos dados

A partir dos dados colhidos nas fichas distribuídas, em observações feitas por nós e pelos participantes durante o evento, e até mesmo nos preparativos do mesmo, pudemos avaliar os pontos positivos e negativos do VI EnFEFE.

Em relação ao VI EnFEFE as dificuldades já se iniciaram devido à reduzida verba destinada ao evento, o que acarretou dentre muitas dificuldades, uma limitação nos meios de divulgação. Porém este fato não prejudicou a procura do mesmo, visto que o encontro teve um número recorde de inscritos, tendo até que recusar inscrições ao atingir o número limite de vagas. Isso demonstra que em sua 6ª edição, o EnFEFE começa a ocupar um espaço significativo no calendário anual de eventos relacionados à Educação Física. A Educação Física Escolar não vem sendo discutida em outros eventos, fazendo do EnFEFE um espaço, quase que único, para debate do tema. Por outro lado não só a carência de eventos faz com que o EnFEFE tenha essa posição de destaque, pois a qualidade do debate, demonstrada no grau de satisfação apresentado pelos participantes nas fichas, também concorre para a projeção que o evento tem hoje. Isso fica claro também na forte propaganda verbal que garante um evento muito concorrido nas suas inscrições e em todos os dias de debates.

Na busca da manutenção e melhoria do grau de qualidade que vem consolidando o EnFEFE, sabemos que a comissão organizadora teve a preocupação de mobilizar com uma maior antecedência itens como: formalizar convites a palestrantes e ter sua confirmação; providenciar os espaços a serem utilizados e encomendar todo material gráfico. Enfim, providências que devem ser tomadas com prazo bem dilatado, para dar tempo suficiente de solucionar com tranqüilidade qualquer contratempo. Ainda em relação a este período que antecede ao evento entendemos que o sistema de inscrições deve ser rediscutido e aprimorado para garantir o acesso a todos que desejam participar.

Em relação ao acesso também é importante ressaltar mais uma vez a postura da organização em manter a gratuidade do EnFEFE.

Entendemos que esta é uma demonstração de coerência com o que vem sendo discutido nos encontros, já que fica clara a posição de defesa da construção de uma Educação Física Escolar mais democrática. Essa se faz na garantia do acesso ao conhecimento produzido historicamente esteja ele reunido na disciplina ministrada na escola ou em um encontro promovido por uma universidade pública. Além disso é uma posição importante na medida em que defende que a universidade pública seja realmente pública e também um instrumento de democratização do conhecimento.

É fato que a qualidade alcançada fez com que o evento já ultrapassasse as barreiras a que se propunha, visto que apesar de ser um encontro fluminense contou com a participação este ano de professores de outros estados de nossa federação, como: São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.

Outro fato que nos chamou atenção foi em relação ao grande número de participantes ser de professores formados a mais de 10 anos e até mais de vinte anos, o que muito nos motiva a organizar eventos como este, que tem entre outros objetivos, fomentar a necessidade de atualização permanente do professor.

Além disto tivemos também a participação importante de um grande número de estudantes de graduação, que tem nas idéias apresentadas e debatidas no encontro, uma contribuição significativa na sua formação humana e profissional. Finalmente apontamos ainda o bom número presente de professores pós-graduandos e pós-graduados, o que demonstra a credibilidade do evento. Este dado representa um adjetivo de qualidade do encontro que consegue atrair desde os acadêmicos dos cursos de graduação até mestres e doutorandos que vêm a enriquecer o debate.

A infra-estrutura do evento foi boa, porém, segundo alguns participantes o espaço do auditório da Faculdade de Educação já se torna pequeno para o porte do evento. Houve a sugestão de que sejam realizadas as palestras e mesa redonda em único dia, no cinema da UFF e os temas livres no dia seguinte no Campi. Recebemos também como proposta que o evento seja realizado em três dias, pois foi quase que unânime a crítica de que os tempos disponíveis para palestras, mesa redonda e temas livres foram curtos. Esta crítica, ao nosso ver, reflete a qualidade e importância dos temas das palestras e dos palestrantes e o desejo de ampliar o espaço de discussão.

Muitos elogios foram feitos ao café oferecido na porta do auditório.

Quanto as palestras e a mesa redonda entendemos que elas atingiram o objetivo de aprofundar os temas em questão com propriedade. A avaliação refletida na devolução das fichas deixa isso muito claro. Da mesma forma ficou patente a satisfação com a escolha dos temas e dos palestrantes. Diversos participantes comentaram positivamente a iniciativa de formar uma mesa redonda com professores que atuam na rede pública para que falem sobre o seu trabalho. Cria-se assim a oportunidade de debater de forma mais aprofundada experiências que se propõem a construir uma Educação Física Escolar mais democrática.

Os temas livres também tiveram uma avaliação muito positiva com a grande maioria dos participantes declarando que foram bons e que discutiram temas relevantes para a nossa área. Alguns participantes reivindicaram que o tempo seja aumentado, isso demonstra o interesse e a vontade de ampliar o debate. Entendemos que essa é uma reivindicação legítima, mas chamamos atenção para o fato de que o EnFEFE é um dos encontros que dispõe de maior tempo para a apresentação de trabalhos.

Ainda em relação à organização dos temas livres queremos fazer mais duas referências: a primeira diz respeito a entrega das fichas pelos responsáveis pelas salas, já que entendemos que as mesmas sejam entregues antes do início de cada tema, pois no final muitas pessoas mudam de sala e acabam não recebendo a ficha ou não entregando. A Segunda, que chamou a atenção pela originalidade, foi o sinal para informar o início e o final das apresentações dos temas livres.

Muitos elogios foram feitos em relação ao VI EnFEFE; quanto a cumprimento dos horários, material distribuído, lanches, stand de livros, enfim, todas as condições necessárias a organização do evento.

O espaço de tempo de 3 horas reservado para o almoço no primeiro dia não foi visto pelos participantes como proveitoso, pois poderia ser melhor utilizado com o aumento do tempo das palestras. Por outro lado entendemos como válida a busca pela CO de um horário onde os participantes possam trocar idéias entre si. Nesse sentido acreditamos que a existência de uma programação sócio-cultural poderia criar este espaço e nos somamos aqueles que sentiram a falta desta programação.

Consideramos que os dados coletados e as suas interpretações permitam à CO do próximo EnFEFE minimizar as falhas e potencializar os pontos positivos para que continuemos a ter um evento com cada vez mais qualidade.

A Comissão foi formada pelos professores Ms.Guilherme Ripoll de Carvalho (UFF), Ms. Gilbert Coutinho Costa (UNIVERSO e rede pública) e pelo professor especialista Marcelo Nunes Sayão (rede pública).

Até o próximo EnFEFE.

A Comissão de Avaliação