Resumo
Nos dias de hoje, provavelmente, a violência seja um dos fenômenos mais intrigantes do nosso cotidiano, um fato que a cada dia que passa se apresenta de forma multifacetada, seja na mídia escrita, televisiva ou até mesmo de forma explícita. Com isso, verificamos que a violência e suas dimensões não sejam mais uma especificidade da profissão policial, pois é muito comum em dias atuais verificarmos médicos, psicólogos e até professores envoltos, cada um dentro de suas especificidades a este fenômeno. Partindo dessa premissa verificamos que a instituição escola, a figura-professor e até mesmo o processo ensino-aprendizagem não se alinham à dimensão da prática de violências. Em função disso, o objetivo dessa pesquisa foi descrever, analisar e identificar o que leva os discentes a praticarem manifestações de violências em duas escolas do Estado do Rio de Janeiro da Fundação de Apoio a Escola Técnica (FAETEC). Esta pesquisa teve caráter qualitativo (POSSELON, 2004). O grupo de sujeitos entrevistados foi composto pelos diretores das escolas, quatro alunos/as do terceiro ano do ensino médio, quatro/as professores/as de Educação Física que ministram aulas para o terceiro ano do ensino médio. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com perguntas abertas, dando liberdade ao entrevistado para abordar aspectos sobre o que pensam e acham ser relevantes sobre o tema (NETTO, TRIVIÑOS, 2004). Foi utilizada também observação estruturada e/ou sistemática, que consiste em uma série de decisões previas com elementos e situações a serem observados em forma de fichar ou roteiros prefixados. Este tipo de organização dos dados permite que todos os indivíduos sejam submetidos ao processo de observação e que haja uma comparação entre os dados coletados (MOURA; FERREIRA, 2005). Como resultados, depois de realizada a análise de conteúdo, podemos afirmar que o indivíduo, em última análise, ainda é a instância final de perpetuação ou não de violência. Quando este aluno possui uma forte influencia negativa da família ao absorver experiências de violência que são naturalizadas no ambiente que vive. Porém, não é a classe social e sim a maneira como as pessoas lidam com a violência que acarreta na reprodução da mesma. Nesse sentido o esporte e a Educação Física (EDF) não podem ser considerados numa perspectiva reificada. Ou seja, coisificada. O esporte e a EDF não são estáticos, pelo contrário são construções sociais de seus atores, mesmo em situações difíceis, como no caso de bullying e homofobia, que foram os tipos de violência mais abordados pelos alunos/as nas aulas.