Resumo

Esta pesquisa quanti-qualitativa caracterizou-se como um estudo de caso descritivo longitudinal e teve como foco principal analisar a repercussão de um Programa de Ginástica Laboral (PGL) desenvolvido ao longo de três anos - 2002 a 2004, na qualidade de vida (QV) de 42 trabalhadores de escritório de oito municípios catarinenses. O PGL foi constituído pela ministração de três aulas semanais de GL compensatória, com duração de quinze minutos, acompanhada pela disseminação no ambiente de trabalho de informações para a promoção da QV. Exercícios de alongamento estático formaram a base da GL, projetados para atuar na musculatura mais requisitada durante a jornada de trabalho - região lombar da coluna vertebral, ombros, punhos e mãos, uma vez que as tarefas ocupacionais da amostra envolviam grande requisição manual, principalmente pela intensa utilização do computador. A fim de analisar a melhoria do bem-estar proveniente da GL, a adoção de um estilo de vida ativo incentivada pelo programa e a vivência e difusão de seus ensinamentos, bem como a relação destas variáveis com a aderência à GL e carga de trabalho, utilizaram-se os dados derivados de questionário semi-aberto, aplicado no final de cada um dos três anos da pesquisa, discutidos a partir de análise descritiva e tratamento estatístico - teste exato de Fisher, Regressão Logística e Q de Cochran. Com o intuito de principalmente verificar o declínio do PGL ao longo do tempo e a disseminação do conhecimento advindo do programa, utilizaram-se os dados provenientes de entrevista semi-estruturada, aplicada apenas nos oito sujeitos de Florianópolis, no mês de outubro de 2005. Os resultados quantitativos sugerem que o PGL pôde ter beneficiado significativamente a QV através da melhoria do bem-estar, da realização de exercícios de alongamento fora da jornada de trabalho e da vivência e difusão do conhecimento proveniente das informações semanais sobre QV, além da repercussão do programa na QV do trabalhador e de sua comunidade ter sido diretamente proporcional à aderência à GL e da carga de trabalho não ter sido capaz de influenciar tal aderência. Todavia, o PGL parece ter sido incapaz de promover um estilo de vida ativo em seus participantes. Os resultados qualitativos mais expressivos indicaram que ao longo dos anos, o PGL não proporcionou o mesmo impacto da QV do trabalhador principalmente devido à redução do desempenho dos professores de GL, especialmente no tocante à falta de criatividade nas aulas e correção dos exercícios, bem como em decorrência da adaptação do trabalhador às melhorias do programa, que inicialmente eram vividamente experimentadas. Ainda, através da análise dos depoimentos, foi possível constatar que os conhecimentos mais difundidos - informações semanais sobre QV e exercícios de alongamento - foram os que despertaram maior interesse. Desta maneira, conclui-se que o PGL estudado pôde ter apresentado a capacidade de repercutir positivamente na QV do trabalhador, alcançando, inclusive, sua comunidade.

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