Representações Culturais nos Jogos Olímpicos de Uma Judoca Gaúcha
Por Ana Maria Kich (Autor), Josiana Ayala Ledur (Autor), Janice Zarpellon Mazo (Autor).
Parte de Anais do Fórum de Estudos Olímpicos 2021 e III Simpósio Latino-americano Pierre de Coubertin . páginas 139
Resumo
O objetivo dessa investigação é compreender como a participação da judoca gaúcha Mayra Aguiar, nas edições dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020 produziu representações culturais acerca de mulheres praticantes de judô. Para Pesavento (2008), as representações construídas sobre o mundo fazem com que a humanidade perceba a realidade e pautem a sua existência, uma vez que tais representações são geradoras de condutas e práticas sociais, dotadas de força integradora e coesiva, capacitando os indivíduos e seus grupos a darem sentido ao mundo. A partir deste entendimento, o referencial teórico-metodológico que sustenta o estudo é a Nova História Cultural (Burke, 2008; Pesavento, 2008) e a História Oral (Alberti, 2005), com a finalidade de apresentar uma narrativa histórica de representações do passado e formular uma versão do já representado. Para tanto, foi realizada a análise temática de entrevistas, as quais foram confrontadas com outras fontes, como reportagens de jornais, documentos institucionais e mídias sociais, além da revisão bibliográfica sobre a história do judô. Cabe ressaltar que, o patamar atingido atualmente pelo judô no Brasil e no Rio Grande do Sul foi trilhado em tempos passados por atletas mulheres, que atingiram níveis de alto rendimento em um determinado tempo e contexto sócio-histórico. Estudos sobre o judô no Brasil, como o de Chuno Mesquita (1996), que trata do “judô feminino e a quebra de preconceitos e mitos”, refere que muitos mitos da feminilidade que vieram à tona, como a beleza, a fragilidade física e a maternidade aparecem como deveres intrínsecos da mulher, servindo de âncora para a restrição da prática esportiva das mulheres em décadas passadas. A judoca Mayra Aguiar é detentora de 3 medalhas olímpicas, carrega consigo a representação de um grupo seleto de atletas olímpicos que mantém a qualidade e capacidade esportiva-competitiva, alinhada aos valores do olimpismo, como a amizade dentro e fora do tatame, a compreensão mútua, a igualdade, a solidariedade. As conquistas de Mayra reverberam os preceitos expostos pelo estudo de Chuno Mesquita, pois há beleza, força e queda dos paradigmas que limitavam as mulheres no final dos anos 1990 e, corrobora com Barros (2005), visto que o recorte temático aqui proposto, corresponde ao campo da historiografia ocidental, principalmente no que diz respeito a segunda metade do século XX, onde houve um aumento na exposição e valorização em diferentes campos de atuação femininos.