Resumo

A Capoeira e sua relação com o contexto escolar formal constitui o objeto de estudo desta pesquisa. Entendemos a Capoeira como uma representação simbólica, ou seja, um conjunto de saberes constituído por diferentes sujeitos e em diferentes contextos em um processo que envolve a difusão de visões socioculturais individuais, que se tornarão coletivas. No caso da Capoeira, durante seu desenvolvimento histórico sua forma de representação tornou-se múltipla. Neste estudo, o objetivo principal foi investigar as representações sociais da Capoeira por parte de professores de Educação Física e estudantes do ensino fundamental e médio em escolas da rede pública estadual. Para tanto, realizamos uma pesquisa qualitativa que se valeu de entrevistas semi estruturadas como instrumento de coleta de dados, os quais foram tratados a partir da Análise de Conteúdo. Contamos com a participação nesta pesquisa de um grupo de quinze (15) sujeitos, distribuídos entre cinco colégios estaduais da cidade de Maringá - PR, sendo cinco (05) professores (as), cinco (05) crianças não praticantes de Capoeira e cinco (05) crianças praticantes ou ex-praticantes de Capoeira. A Teoria das Representações Sociais nos deu suporte principalmente na compreensão do estado da representação da Capoeira no ambiente escolar. Por outro lado autores que argumentam criticamente acerca do modelo social empreendido pela modernidade nos auxiliaram na compreensão dos motivos que a colocaram neste estado. A análise empreendida quanto à representação que os sujeitos participantes têm do fenômeno identificou um estado polifasia cognitiva, isto é, inferimos que os participantes não têm uma definição única e definitiva quanto à representação de Capoeira. Constatamos que diversos sentidos são representados por um mesmo sujeito e que as diferentes posições ocupadas pelos sujeitos exercem influência na representação assumida. A manifestação em questão, na perspectiva dos (as) professores (as), apresenta predominância da representação da Capoeira enquanto luta. Na perspectiva das crianças não praticantes, o aspecto que mais se evidencia é a representação da Capoeira enquanto esporte, enquanto que para as crianças praticantes a Capoeira é representada enquanto jogo. Na análise das representações do cotidiano ultimamos que a abordagem da Capoeira enquanto prática corporal é pouco expressiva e quando ocorre geralmente está relacionada a imposições. Sua abordagem é precária, fato que decorre principalmente da falta de domínio do conteúdo de ordem prática, o que tem imposto aos professores (as) uma condição de dependência tanto interna quanto externa. Os (as) professores (as) recorrem ao auxílio de estudantes que dominem o conteúdo ou a agentes externos como integrantes dos grupos de Capoeira, para que estes exponham a prática. É partindo da proposta dos próprios participantes para superação da condição de dependência, que julgam necessárias capacitações específicas, que argumentamos a favor do trabalho de tradução do saber intrínseco à Capoeira. 

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