Resumo
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se por manifestações sistêmicas significativas que resultam na limitação da capacidade funcional e consequentemente, na capacidade do indivíduo de realizar as suas atividades de vida diária (AVD). Objetivo: investigar a resposta fisiológica induzida pelo teste de AVD-Glittre (TGlittre) bem como comparar à induzida pelo teste de caminhada de seis minutos (TC6min) em pacientes com DPOC. Método: participaram 15 pacientes com DPOC com idade de 66 ± 8 anos e volume expiratório forçado no primeiro segundo de 40,0 ± 18,3% do previsto. Os pacientes foram submetidos à espirometria pré e pós broncodilatador, avaliação antropométrica e de composição corporal, escala London Chest Activity of Daily Living (LCADL) e Medical Research Council (MRC). Em dois dias diferentes, separados por uma semana, dois protocolos de exercício foram realizados em ordem randomizada: TC6min e TGlittre. Os pacientes realizaram ainda a monitoração das atividades físicas na vida diária (AFVD) em dois dias consecutivos. O teste de normalidade Shapiro-Wilk foi utilizado para avaliar a distribuição dos dados. Para comparar a resposta fisiológica entre o TGlittre e o TC6min foi utilizado o teste T pareado ou Wilcoxon. O coeficiente de correlação de Pearson ou Spearman foi utilizado para verificar a associação entre as variáveis. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: o tempo despendido no TGlittre correlacionou-se com a distância percorrida no TC6min (r= -0,82; p<0,01). Os pacientes permaneceram 52,9 ± 13,9% do tempo monitorado na posição sentada, 19,6 ± 5,7% em pé, 14,6 ± 12,4% deitados e 12,9 ± 4,7% do tempo caminhando. O tempo sentado correlacionou-se tanto com o desempenho no TGlittre como no TC6min (r= 0,56 e r= -0,60, respectivamente; p<0,05). Não foram observadas diferenças entre os parâmetros fisiológicos basais mensurados no TGlittre e no TC6min (p>0,05). Os pacientes atingiram um VO2 de 1258,2 ± 317,8 e 1176,5 ± 364,8 ml/min ao final do TGlittre e do TC6min, respectivamente (p>0,05). O VO2 estabilizou-se a partir da terceira volta no TGlittre e do terceiro minuto no TC6min. O VO2 final do TGlittre correlacionou-se com o VO2 final do TC6min (r= 0,85; p<0,01). Todas as variáveis fisiológicas mensuradas no final do TGlittre foram similares e apresentaram correlação com as mensuradas no final do TC6min. Conclusões: o TGlittre é capaz de induzir uma resposta metabólica, ventilatória e cardiovascular similares às induzidas pelo TC6min.