Resumo
A relação entre exercício intenso, imunidade e infecção foram estudadas pela primeira vez em 1901 por Larrabee. Quatro atletas apresentaram aumento na quantidade de neutrófilos circulantes. Larrabee notou que esta mudança nas células sangüíneas estava associada à doenças inflamatórias. Trinta anos mais tarde, Baetjer estudando exercício e infecção demonstrou que “fadiga muscular, baixa resistência e doenças infecciosas, principalmente do trato respiratório superior, acometiam esses atletas”. A resposta do sistema imunitário ao exercício prolongado (> 90 min.) recebeu mais atenção após a publicação de estudos epidemiológicos sugerindo aumento de infecção no trato respiratório superior (ITRS) durante uma ou duas semanas após corridas de maratona e ultramaratona. O estudo da associação da dieta e atividade física e seus efeitos sobre o sistema imunitário têm sido pouco explorados. O presente trabalho investigou o efeito da suplementação com óleo de peixe, rico em AGPI n-3, 1 g/kg de peso corporal-1, associado ao treinamento de natação em ratos Wistar. Quarenta animais foram separados em quatro grupos: Sedentário sem suplementação (C), sedentário com suplementação (N-3), treinado sem suplementação (TRE) e treinado com suplementação (TRE N-3). Após seis semanas de treinamento e três dias de descanso para investigação dos efeitos crônicos do exercício, os animais foram ortotanasiados, e sangue e tecido coletados. Os dados foram submetidos à análise de variância de duas vias (two-way ANOVA) com pós-teste de Tukey, com nível de significância para p < 0,05. A proliferação linfocitária no grupo sedentário suplementado com óleo de peixe (N-3) foi basalmente maior que o grupo controle e o mesmo foi observado para o grupo treinado (TRE). A associação de TRE com N-3 interessantemente foi similar à do grupo C. O mitógeno concanavalina A estimulou a proliferação em todos os grupos, contudo no grupo TRE a proliferação foi significativamente menor. O estímulo com LPS promoveu o mesmo efeito de estimulação, contudo os resultados foram similares aos descritos no estado basal. A produção de NO pelos macrófago peritoneais foi similar entre todos os grupos, exceto no TRE que foi menor. O estímulo com LPS induziu a produção elevada entre todos os grupos não havendo diferença entre eles. A produção de ânion superóxido pelo macrófagos peritoneais do grupo C e N-3 não foi diferente (P>0,05). O treinamento elevou significativamente a produção e a associação com óleo de peixe não modificou este cenário ficando igual ao grupo TRE. Interessantemente quando avaliamos a produção de ânion superóxido pelos neutrófilos obtivemos uma imagem especular quando comparada à dos macrófagos peritoneais. Já a produção de H2O2 pelos macrófagos peritoneais ou neutrófilos não foi diferente entre os grupos. Estes resultados nos sugerem que a suplementação com óleo de peixe modula diferentemente as células do sistema imunitário, seja da resposta inata ou adaptativa e o mesmo pode ser dito sobre a atividade física. A associação de suplementação com óleo de peixe com atividade física não provocou alteração adicional, às já promovidas pela suplementação ou atividade física. Isto nos permite indicar que talvez a via de sinalização seja compartilhada pelo mesmo estímulo, dieta e atividade física.