Resumo

Integra

Amigos,

Para quem não conhece pessoalmente Prof. Chambinho, um dos melhores animadores sócio-culturais do nosso país, vale a pena visitar seu site: http://www.tiochambinho.com.br/. Trata-se de um profissional que tem conseguido aliar, de maneira singular, sua formação acadêmica com uma habilidade extraordinária na mobilização e animação lúdica nas mais diversas situações.

       Ele me escreveu solicitando que eu respondesse algumas perguntas para que “postasse” no seu site. Pedi a ele autorização para fazer o mesmo no meu blog, pois entendo pertinente o assunto aos interessados na gestão das experiências de lazer. Seguem as perguntas:

1- Nosso primeiro questionamento será sobre o Encontro Nacional de Recreação e Lazer, ENAREL. Como um dos precursores do encontro, depois de 22 edições, o que mudou e o que ainda pode mudar em sua opinião?

       Escrevi sobre esse tema no meu blog (http://blog.cev.org.br/bramante/) no mês passado depois te der “passado” (e não participado) pela última edição do ENAREL realizada em novembro passado. Como lá escrevi, creio que, felizmente, a “afetividade” que sempre pautou o ENAREL ainda persiste, mas devemos trabalhar mais na direção da “efetividade”, ou seja, no impacto que ele causa na qualificação profissional de quem participa e nos benefícios concretos em termos de melhor prestação de serviços e formulação das pesquisas acadêmicas. Acredito que chegou o momento para se realizar um planejamento estratégico para ENAREL para identificar seu “DNA” e estabelecer metas de curto, médio e longo prazo.

2- Sabemos que o lazer é um direito de todos, mas está cada vez mais difícil a sociedade, principalmente à classe menos favorecida, conquistar tal direito. O que pode ser feito para isso mudar?

       É importante, inicialmente, compreender melhor de que “lazer” estamos tratando. Ousaria dizer que nos aspectos físico-esportivos, por exemplo, muito provavelmente essas “classes menos favorecidas” tem igual ou superior repertório daqueles, do que poderia se entender por “classes mais favorecidas”, pois as primeiras brincam mais que as outras. Certamente uma política pública municipal que priorize o lazer como uma das dimensões importantes da vida das pessoas poderá contribuir não só na oferta dessas experiências, mas, especialmente, na equidade do seu desenvolvimento, ou seja, oferecendo mais a quem tem menos.

3- Qual sua opinião sobre a atuação do profissional do lazer e recreação na sociedade?

        Ela ainda é incipiente. Vivemos um paradoxo: nunca se valorizou tanto o equilíbrio de uma vida para “além das obrigações”, tais como o trabalho, estudos, família, etc. combinada com as dimensões da “não obrigação”, predominantemente no lazer, onde as pessoas podem também se realizar. Perdemos uma excelente oportunidade no final da década de 1990/início da década de 2000 quando abrimos (e fechamos!) os primeiros cursos de nível superior em nossa área. Acredito que não conseguimos justificar a razão da nossa existência enquanto profissionais junto a sociedade naquela época. Embora, em minha opinião exista ainda uma lacuna entre uma demanda mais qualificada por profissionais mais bem preparados em relação a oferta existente, estamos evoluindo aos poucos.

4- Você acha grande a distância da teoria, os estudiosos, e a prática, os atuantes, no Lazer?

       Precisamos “desmistificar” essa dicotomia “teoria-prática”, pois uma não sobrevive sem a outra, seja para aqueles que atuam exclusivamente nas universidades, gerando suas pesquisas, seja para os animadores sócio-culturais que estão mais na “linha de frente” na oferta das experiências de lazer, ou mesmo os gestores – do público ao privado – desse sistema complexo. Tendo tido a oportunidade de estudar fora do país e mantendo até hoje esses vínculos em várias regiões do mundo, observo que no Brasil há certo “distanciamento” entre as demandas da sociedade em termos de prestação qualificada de serviços no lazer e as respostas da academia na geração de novos conhecimentos para subsidiar aqueles que estão atuando diretamente com o público. Infelizmente, esse fenômeno não é uma “exclusividade” do lazer, mas de, praticamente, todas as áreas do conhecimento que resultem em intervenções práticas mais imediatas.

5- Qual a missão dos profissionais do Lazer nos Megaeventos, tema do último ENAREL, realizados no Brasil na próxima década?

       Como mencionei anteriormente, não participei do último ENAREL e lá estive apenas numa noite onde os seus  “pioneiros”  receberam uma homenagem. No entanto, a próxima década, com esses mega-eventos culturais (mais do que esportivos) deverão trazer novas demandas que exigirão de profissionais das mais distintas áreas do conhecimento oportunidade para refletir sobre a sua formação (na maioria das vezes “disciplinar”) e a sua atuação profissional (prevalecendo a visão restrita de sua especificidade). Creio que vamos ter uma grande oportunidade para compreender a necessidade de formarmos profissionais com uma visão mais interdisciplinar e com uma atuação mais “transversalizada”, aprendendo a construir conhecimentos e habilidades em trabalhos coletivos. Creio que uma das grandes missões para os profissionais de lazer em relação a esses mega-eventos será, desde já, pensar nas formas como utilizar o “legado físico” que será construído para eventos de alto desempenho, de curta duração, para o efetivo uso da população, de forma recreativa, em longo prazo.

6- Deixe uma mensagem ou dica para professores, estudantes e atuantes no Lazer e Recreação que estão lendo agora sua entrevista?

       Estudem, estudem, estudem…

Por Bramante
em 18-01-2011, às 16:22

6 comentários. Deixe o seu.

Comentários

Fantástico,pois o texto construido em perguntas de outro colega parece até que participou da ultima edição do Enarel. Deixa tudo bem claro em suas respostas aonde cita sobre a teoria e prática, missão, visão etc!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Sucesso Bramante.

Por Marcos R Gomes
em 19-01-2011, às 1:41.

Grato Marcos pelas suas considerações. Acho que depois de tantos “Enareis” os contextos mudam pouco;) Forte abraço!

Por Bramante
em 19-01-2011, às 13:34.

Já foi uma honra e satisfação o convite aceito pelo Prof. Bramante. Agora ter sua entrevista e suas palavras é muita honra. Obrigado por fazer tanto pelo Lazer.

Por Raul Junior - Chambinho
em 19-01-2011, às 16:25.

Chambinho! Eu é que lhe agradeço por fazer-me refletir sobre temas importantes em nossa área!

Por Bramante
em 19-01-2011, às 23:06.

Acredito que chegou o momento para se realizar um planejamento estratégico para ENAREL para identificar seu “DNA” e estabelecer metas de curto, médio e longo prazo.

Bramante,em linhas gerais, quais seriam as prioridades?

– de que “lazer” estamos tratando;
– uma demanda mais qualificada por profissionais mais bem preparados;
– pensar nas formas como utilizar o “legado físico” que será construído para eventos de alto desempenho, de curta duração, para o efetivo uso da população, de forma recreativa, em longo prazo;
– no Brasil há certo “distanciamento” entre as demandas da sociedade em termos de prestação qualificada de serviços no lazer e as respostas da academia na geração de novos conhecimentos para subsidiar aqueles que estão atuando diretamente com o público

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 20-01-2011, às 7:40.

sou da familia bramante sera que temos algum tipo de parentesco gostaria de saber abraços e uma boa semana

Por flavia bramante
em 28-05-2011, às 10:15. 

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