Resumo

A aviação é o meio de transporte mais eficaz que existe na atualidade, atendendo a bilhões de pessoas a cada ano. Contudo, os fatores estressantes presentes nos deslocamentos aéreos fazem que alterações autonômicas e cardiovasculares ocorram, exigindo do organismo uma capacidade de lidar com estes fatores. Por isto estratégias preventivas e/ou minimizadoras desses efeitos precisam ser entendidas. O estudo buscou verificar as respostas autonômicas e cardiovasculares que ocorrem em voo e sua relação com a aptidão física. A pesquisa deu-se por meio de dois estudos, em que homens saudáveis tiveram os componentes da aptidão física (capacidade aeróbia, força muscular e gordura corporal) previamente avaliadas; e o registro da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) realizado em um dia controle e em um dia de voo. No primeiro estudo 11 pilotos de caça registraram 3h de VFC e tiveram o nível de desidratação mensurado durante um voo de teste avaliado pela mudança do hematócrito. O voo durou 1h e todos realizaram os mesmos procedimentos operacionais. No segundo estudo, 22 passageiros da aviação comercial registraram 24h de VFC e simultaneamente à pressão arterial. Os resultados do estudo 1 demonstra que o voo induziu uma redução na maioria dos parâmetros da VFC durante o voo quando comparado com o dia controle, não havendo antecipação autonômica. A entropia amostral da FC correlacionou-se com a capacidade aeróbia e a gordura corporal. A desidratação gerada pelo voo alterou a VFC. O estudo 2 demonstrou que o voo comercial induziu a uma redução na maioria dos parâmetros da VFC durante o voo, e em alguns parâmetros nas 24h quando comparado com o dia controle. Houve antecipação autonômica uma hora antes do voo. A pressão arterial e duplo produto foram significativamente maiores no dia do voo, tendo os maiores incrementos duas horas antes do voo e mantendo-se elevados por até duas horas após. Quanto menor o percentual de gordura e IMC, maior a VFC durante o dia do voo. Quanto mais elevada a capacidade aeróbia, maior a VFC durante o voo. Conclusões: o voo, em ambas as situações e populações, exigiu do organismo respostas autonômicas gerando significativa retirada vagal, com incremento da frequência cardíaca. A gordura corporal e a capacidade aeróbia, indicadores da aptidão física, correlacionaram-se com a VFC, contudo de forma diferente nas duas populações e situações. A desidratação gerada pelo voo militar influenciou na VFC. A pressão arterial (PAS; PAD; PAM) sofre interferência em virtude do voo na comparação das 24h. As alterações autonômicas se correlacionam com a capacidade aeróbia e gordura corporal de forma diferenciada em pilotos militares e passageiros da aviação comercial submetidos ao voo. A força relativa não apresentou correlação com os parâmetros da VFC em nenhuma das populações estudadas.

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