Resumo

Introdução: Um dos mecanismos de controle da pressão arterial (PA) afetados pela modulação autonômica é o barorreflexo, responsável por atenuar mudanças repentinas na PA a curto prazo. Tanto o aumento quanto o decréscimo da PA modificam o grau de estiramento dos barorreceptores, alterando a frequência de disparos aferentes e, consequentemente, ajustando a PA ao nível desejado. Reduções significativas da sensibilidade barorreflexa após exercício dinâmico foram documentadas, variando de acordo com a configuração do treino. Quanto ao exercício isométrico, os achados ainda são conflitantes, sendo observados tanto aumento quanto redução da sensibilidade barorreflexa após o esforço. Objetivo: investigar as respostas barorreflexa e autonômica a dois protocolos isométricos de mesma intensidade equalizados em densidade em mulheres jovens e normotensas. Materiais e Métodos: 9 mulheres normotensas (idade: 25 ± 3 anos, estatura: 1,64 ± 0,07 metros, massa corporal: 60,1 ± 5,7 quilogramas, índice de massa corporal (IMC): 22,1 ± 1,2 kg/m2, Pressão arterial sistólica (PAS): 112 ± 10 mmHg, Pressão Arterial Diastólica (PAD): 71 ± 5 mmHg, Frequência Cardíaca (FC): 72 ± 10 bpm, Teste de 1 Repetição máxima (1RM): 256 ± 57kg), executaram dois protocolos de TFI equalizados em dias diferentes e em sequência aleatória. Protocolo A: 4 séries x 2 minutos de isometria x 2 minutos de intervalos. Protocolo B: 16 séries x 30 segundos de isometria x 24 segundos de intervalo entre séries. A carga para os protocolos foi correspondente a 30% de 1RM (77 ± 17kg). Os dois protocolos continham o mesmo tempo total de tensão muscular (480s), tempo total de pausas (360s) e total de peso relativo sustentado (30% 1RM). As variáveis hemodinâmicas e autonômicas foram monitoradas de forma contínua por fotoplestimografia. Resultados: durante os protocolos houve redução significativa em todos os índices de ganho barorreflexo (Up Gain, Down Gain e All Gain) e dos índices Up BEI e All BEI em ambos os protocolos, com diferença significativa em comparação ao repouso (p < 0,05). Não houve diferença para o índice Down BEI (p > 0,05). A média da PA aumentou significativamente durante a sessão em ambos protocolos (p < 0,05) em comparação com os valores iniciais, não havendo diferença entre os valores iniciais e pós protocolos (p > 0,05). O índice LF (mmHg2) aumentou durante o exercício em ambos protocolos (p < 0,05). Os intervalos RR diminuíram com o início dos protocolos, permanecendo reduzidos até o fim imediato das séries do protocolo B (p < 0,05) e até 60 minutos após o protocolo A (p < 0,05). Para o índice RMSSD, foi encontrada diferença apenas no protocolo B quando comparados os valores iniciais e durante as séries (p < 0,05). O desvio padrão dos intervalos R-R (SDNN) aumentou durante o exercício no protocolo A (p < 0,05), não apresentando diferenças no protocolo B. O índice HF (ms2) foi reduzido significativamente apenas no protocolo B (p < 0,05), enquanto a relação LF/HF foi aumentada apenas no protocolo B (p < 0,05). O índice LF (ms2) não apresentou diferença em ambos protocolos (p > 0,05). Conclusão: o protocolo A causou redução mais prolongada dos ganhos barorreflexos, enquanto o protocolo B causou maior perturbação nos índices da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Estes achados sugerem que diferentes configurações de treino isométrico equalizadas na relação esforço:pausa podem gerar respostas distintas no ganho barorreflexo e nos índices autonômicos da VFC.

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